Uso das vacinas de HPV em imunocomprometidos (não HIV/aids): revisão sistemática da literatura e metanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Infante, Vanessa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-09092021-114218/
Resumo: Introdução: O HPV causa uma grande variedade de lesões e neoplasias, a maioria envolvendo a região anogenital. Infecção persistente por tipos oncogênicos de HPV é responsável pela quase totalidade dos cânceres de colo de útero. Mulheres imunossuprimidas apresentam maior risco de câncer cervical do que mulheres saudáveis, devido ao uso prolongado de imunossupressores. A segurança, imunogenicidade e eficácia das vacinas HPV em imunossuprimidos não são bem conhecidas. Métodos: Foi realizada revisão sistemática e metanálise para avaliar a segurança e imunogenicidade das vacinas HPV em imunocomprometidos, excluindo pessoas vivendo com HIV/aids. Foi realizada busca nas bases de dados mais relevantes (PubMed, Embase, Scopus, LILACS, Web of Science, Clinical Trials, International Clinical Trials Registry Platform, OpenGrey), até julho de 2020. Foram incluídos estudos que avaliaram a imunogenicidade (taxas de soroconversão e títulos médios geométricos [GMT] de anticorpos para os tipos de HPV vacinais) ou segurança de qualquer vacina HPV. Resultados: Foram identificados 3.467 artigos, dos quais 23 foram selecionados para revisão. Foram incluídos ensaios clínicos abertos não randomizados e estudos de coorte, que avaliaram as vacinas HPV bivalente (HPV2v) e quadrivalente (HPV4v), em pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas, principalmente lúpus eritematoso sistêmico (LES), mas também dermatomiosite juvenil (DMJ), artrite idiopática juvenil (AIJ) e doença inflamatória intestinal (DII); transplantados de órgãos sólidos (TOS) e transplantados de células tronco-hematopoiéticas (TCTH). A maioria dos estudos que avaliou a vacina HPV em doenças inflamatórias imunomediadas envolveu mulheres jovens com baixa atividade da doença; os estudos com receptores de TOS envolveram homens e mulheres. A qualidade dos estudos foi classificada como boa. Cinco artigos avaliaram a imunogenicidade de vacinas HPV em mulheres com LES um mês após a última dose da vacina e foram incluídos na metanálise. As taxas de soroconversão nas participantes com LES foram de 89,3% (IC95%, 0,25-0,85) para HPV6; 92,4% (IC95%, 0,82-1,02) para HPV11; 96,4% (IC95%, 0,93-0,98) para HPV16; e 91,8% (IC95%, 0,85-0,98) para HPV18. A metanálise da imunogenicidade em TOS incluiu quatro estudos, com as seguintes taxas de soroconversão: 54,6% (IC95%, 0,77-1,02) para HPV6; 73,8% (IC95%, 0,59-0,89) para HPV11; 85,1% (IC95%, 0,69-1,01) para HPV16; e 61% (IC95%, 0,24-0,99) para HPV18. Os artigos que avaliaram outros imunossuprimidos, assim como os resultados dos títulos de anticorpos foram incluídos na análise qualitativa. Dor no local da injeção foi o evento adverso (EA) mais comum. Não foi relatado nenhum EA grave associado à vacina HPV nos artigos revistos. Cinco estudos que avaliaram exacerbação do LES após vacinação foram incluídos em metanálise. A taxa de exacerbação do LES foi de 12,6% (IC95%, 0,04-0,21). Metanálise da taxa de rejeição aguda do órgão transplantado após vacinação nos receptores de TOS incluiu seis artigos e encontrou taxa de 8,4% (IC95%, 0,02-0,15). Conclusões: Poucos estudos, com amostra pequena, avaliaram as vacinas HPV em imunossuprimidos. Mulheres com LES tiveram taxas de soroconversão semelhante à da população saudável. Os TOS apresentaram taxas de soroconversão menores que a população saudável, principalmente para HPV6 e HPV11. Em geral, os títulos de anticorpos foram mais baixos nos imunossuprimidos. As vacinas HPV foram seguras nessas populações.