Avaliação do perfil cardiometabólico na forma não clássica da hiperplasia adrenal congênita por deficiência da 21-hidroxilase

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Delai, Ariane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-06052022-161625/
Resumo: Introdução: a Hiperplasia Adrenal Congênita por deficiência da 21-hidroxilase (HAC-21OH) é o mais frequente defeito enzimático adrenal. Nas últimas décadas, estudos demonstram maior prevalência de fatores de risco cardiovascular nesta população. Objetivo: avaliar um grupo de portadores da forma não clássica da Hiperplasia Adrenal Congênita (NC-HAC) por deficiência da 21-hidroxilase quanto a manifestações da doença, presença de fatores de risco cardiometabólico e sensibilidade à insulina por clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico (CEH). Métodos: trata-se de uma pesquisa observacional de corte transversal em 30 portadores da NC-HAC e 33 controles sadios pareados para sexo, idade e índice de massa corporal (IMC). Os pacientes foram divididos de acordo com o genótipo da doença em: mutação branda combinada a uma grave ou intermediária (genótipo C/NC) ou duas mutações brandas (genótipo NC/NC), e comparados aos controles. Resultados: ao diagnóstico, pacientes com genótipo C/NC apresentaram maiores níveis de 17OH progesterona basais e após estímulo de ACTH e menor idade de pubarca em comparação ao genótipo NC/NC. Todos os pacientes utilizaram glicocorticoides (tempo médio de 73 meses). O grupo de pacientes com NC-HAC apresentou maior relação cintura-quadril e menor adiponectina; crianças e adolescentes apresentaram pressão arterial elevada e hipertensão em comparação aos controles. Dos 22 pacientes submetidos ao clamp, 13 estavam em uso de glicocorticoide: três estavam usando acetato de cortisona, nove dexametasona e um prednisona (dose média 5,5 mg/m²/dia em equivalente de hidrocortisona). Os pacientes com NC-HAC apresentaram menor sensibilidade à insulina (M/mm 31,3 ± 20,2 vs. 56,8 ± 25,4 µmol.min-1.kg-1, p=0,0004), sem diferença entre os genótipos, e os valores de M/mm foram inversamente correlacionados com a duração do tratamento com glicocorticoides (r=-0,44, p=0,04). Houve associação da resistência à insulina com glicocorticoide de longa duração, mas não com os níveis de androgênios. Conclusão: utilizando-se o clamp CEH, método padrão ouro de avaliação da sensibilidade à insulina, a resistência à insulina foi demonstrada em pacientes com NC-HAC associada ao uso prolongado de glicocorticoides e glicocorticoide de longa ação, como a dexametasona, independentemente do genótipo C/NC ou NC/NC. A resistência à insulina associada a aumento da relação cintura-quadril, maiores níveis pressóricos em crianças e adolescentes e menor adiponectina demonstra a necessidade de acompanhamento regular do maior risco cardiometabólico encontrado nesses pacientes.