Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2011 |
Autor(a) principal: |
Umeda, Guilherme Mirage |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-29042011-171640/
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Resumo: |
Há, entre educação e música, uma relação profunda que ultrapassa o ensino da arte. Partindo de uma perspectiva fenomenológica da interpretação e da escuta, encontramos na música estruturas míticas que permitem sustentá-la como chave metafórica para uma compreensão da atividade educacional, mediante a centralidade do ENCONTRO para ambas. A música compartilha com as outras formas de arte a capacidade mobilizadora do imaginário. Sua função simbólica retira-lhe do mundo da linguagem convencional e denotativa; sua manifestação está continuamente prenhe de sentido, desenrolando a expressão de maneira intraduzível na descrição científica. O artista oferece através de seus símbolos um devaneio cósmico, a possibilidade da descoberta de novos mundos que incrementam o Ser de seu interlocutor. Como imagem sonora, a música integra, na arquetipologia antropológica de Gilbert Durand, o conjunto de símbolos que possuem em seu âmago estruturas dramáticas, marcadas pela dialética e pelo ritmo. Acaba por se configurar, portanto, como prática crepuscular e mestiça que atrai para si reflexões variadas sob o eixo da coincidentia oppositorum (coerência dos contrários). Para se efetuar, depende da mobilização dos dois polos psíquicos complementares do animus e da anima, conforme trabalhadas por Gaston Bachelard. Os instrumentos musicais (animus) não passam de potência se não colocados em movimento pelo sopro da anima, pelo envolvimento da sensibilidade devaneante da pessoa. A abertura de um Ser selvagem (Merleau-Ponty) ao arrebatamento da música coloca-o em contato com a própria existência encarnada de quem a produziu: o sentido inaudível de um extrato audível está marcado pela presença do outro neste mundo sonoro que compartilham ouvinte e cantor. A música, assim, permite a comunicabilidade das subjetividades, um diálogo transubjetivo que escancara as vias de acesso do homem ao homem justamente o que de mais fundamental se busca em educação. Nesse sentido, pode-se afirmar que há uma dimensão educativa da música (uma vez que ela colabora para o diálogo, para uma afirmação da humanidade no homem), assim como há uma dimensão musical da educação (a construção de pessoas lentamente talhadas no tempo, a partir de uma consonância propiciada pelo acerto rítmico entre um mestre e um aprendiz). Harmonia, ritmo, ressonância são palavras que, herdadas do universo sonoro, contribuem para a compreensão da docência. Quer-se, pela educação, encontrar um andamento comum que permita transformar o conflito em diálogo e, então, que não se olvide na trajetória de professores e estudantes o fato de que ali, no cruzamento improvável, no tempo de um instante, dois caminhos se encontraram. A partir dessa troca de substâncias, no cuidado de mãos habilidosas e ouvido atento de um mestre, o discípulo edifica sua própria formação. O preparo do professor que espreita o encontro não se limita ao domínio do conteúdo lecionado nem à familiaridade com um arsenal de métodos pedagógicos que exijam que se ponha de lado a pessoa e suas especificidades. É preciso que o mestre saiba escutar o canto de um canto, o sopro do lugar que se inscreve na voz do aprendiz, e que se empenhe em sempre fortalecê-lo no encontro iniciático. |