Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Lopes, Lucas Matteocci |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-03032020-163435/
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Resumo: |
Este trabalho procura investigar sob que formas fenômenos sacrificiais figuram na tradição literária, os caminhos pelos quais eles vêm a se fazer presentes nela e sua relação com o sacrificialismo extraliterário. Para isso, a principal referência teórica é o pensamento de René Girard, que postula a resolução de crises cíclicas de violência interna no seio das mais diversas sociedades através do sacrifício de um bode expiatório como o eixo que dá origem à cultura e estrutura todas as comunidades humanas. Esta abordagem não é de forma alguma extraliterária, pois em diversas obras o sacrifício ocupa um papel central na organização de seu enredo e na construção dos personagens, além de se relacionar com o próprio estilo do texto. Sua presença, porém, é em geral sutil, raramente correspondendo ao esquema básico da crise sacrificial proposto por Girard, do mesmo modo que, fora da literatura, este se manifesta também sob formas as mais diversas. Na literatura épica, o sacrificialismo está ligado aos valores guerreiros e imperialistas próprios às sociedades que representam e o sacrifício tende a se dividir em dois: o louvável sacrifício do herói e o sacrifício punitivo ou simplesmente inevitável de seus antagonistas. Na literatura cômica, o riso zombeteiro se volta contra as vítimas típicas da sociedade, quer sejam os marginalizados quer os poderosos cuja queda cíclica renova e reforça as estruturas de poder que representam. Na literatura que retrata as tendências revolucionárias, costuma haver uma denúncia do sacrifício constituído pela opressão social, mas pode haver o risco de queda em um novo sacrificialismo quer na ideia de autossacrifício revolucionário, quer na ideia de eliminação dos opositores desta revolução. Embora esta abordagem destaque um aspecto de violência presente na literatura, mais frequentemente de modo acrítico, isso não implica sua condenação. Trata-se apenas de ressaltar a ambiguidade de um de seus aspectos constitutivos, reforçando sua complexidade e sua riqueza enquanto manifestação essencial da cultura humana. |