O trabalho do psicanalista em serviços de acolhimento para crianças e adolescentes: táticas, estratégias e a política do psicanalista na instituição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Anunciação, Christopher Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13112019-185700/
Resumo: O presente estudo discute o trabalho do psicanalista em serviços de acolhimento para crianças e adolescentes através da experiência de um psicanalista inserido nesses serviços na cidade de São Paulo. A pesquisa tem como ponto de partida as questões vivenciadas no cotidiano dos serviços, quanto a dificuldade para desenvolver intervenções e os impasses frente a escuta analítica nessas instituições. Uma dessas dificuldades relaciona-se a escassez de pesquisas sobre o tema, principalmente que tratem do trabalho de psicanalistas que estivessem inseridos em serviços desse tipo. O objetivo geral da pesquisa é de investigar o trabalho do psicanalista em serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. Os objetivos específicos são de conceituar teoricamente o trabalho do psicanalista em instituições; analisar o discurso institucional dos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes; propor uma articulação teórico-prática ao trabalho do analista inserido na instituição de acolhimento. Parte-se daí em uma pesquisa bibliográfica sobre o trabalho do psicanalista em instituições, recolhendo as especificidades dessas intervenções. Com isso, percebeu-se que muitas vezes o trabalho do psicanalista tem a ver com a problematização dos discursos e práticas do cotidiano institucional. Quanto a intervenção de psicanalistas em instituições socioassistenciais, os trabalhos consultados demonstraram um campo ainda em abertura, com pesquisas exploratórias que pretendem demonstrar quais intervenções foram possíveis de serem realizadas. Quanto a instituição de acolhimento, foi possível perceber que seu discurso orbita em torno de três formações históricas fundamentais que marcam o acolhimento institucional no Brasil, a saber: o período caritativo-filantrópico, menorista e da garantia de direitos. A partir disso, pudemos formular uma questão preliminar a escuta de crianças nesses serviços que se relaciona a um discurso de criança abandonada, que se forma na aglutinação desses modelos dentro das práticas institucionais. Para articular o trabalho do psicanalista na instituição, recorre-se a tática, estratégia e política em Lacan, apresentada no texto da direção do tratamento, uma vez que se trata de uma conceitualização capaz de abrir o campo de intervenção analítica fora do consultório tradicional ou do modelo standard. A partir dessa conceitualização, foi possível delimitar quais as táticas e estratégias puderam ser desenvolvidas no período de trabalho nessas instituições e discutir sobre a política da falta-a-ser, que é a própria ética do analista, o qual não deve abrir mão. A partir disso, a pesquisa conduziu através das elaborações lacanianas no seminário VII A ética da psicanálise, situando o aspecto trágico no cotidiano de trabalho como a escuta do sujeito do inconsciente. Pela sustentação da política do analista na instituição é que foi possível a sua inserção na equipe e a realização de intervenções com crianças e adolescentes analisadas através dos operadores clínicos da psicanálise e apresentadas no formato de vinhetas clínicas. Finalmente, considera-se que o trabalho do psicanalista nessas instituições deve conter em seu bojo a própria clínica psicanalítica, situada em sua ética da falta-a-ser, a qual não deve abrir mão, podendo a partir disso, considerar as vicissitudes do campo institucional e os discursos que o atravessam