Vírus Schmallenberg: uma virose de ruminantes emergente na Europa em 2011. Desenvolvimento de recurso diagnóstico e pesquisa da circulação viral no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Martins, Maira de Souza Nunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-28012021-215249/
Resumo: Identificado pela primeira vez na Alemanha em 2011, o vírus Schmallenberg- SBV (gênero Orthobunyavirus sorogrupo Simbu) é um RNA vírus emergente, com forte repercussão em países europeus assim como em alguns asiáticos e africanos. A infecção é relatada especialmente em ruminantes e sua transmissão é feita principalmente por Culicoides spp., ou verticalmente in utero. As manifestações clínicas são caracterizadas por aborto, malformações congênitas e natimortos. O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, é um dos maiores exportadores de carne e a presença de potenciais vetores do SBV é muito abundante em todo território nacional. Não obstante estas duas importantes características, a literatura compulsada até o presente momento não relata o estabelecimento no Brasil de metodologia diagnóstica, bem como qualquer informação laboratorial sobre a circulação do SBV no rebanho bovino brasileiro. Assim, o objetivo do presente estudo foi padronizar e validar um método direto de detecção do SBV baseado na Transcrição Reversa seguida pela Reação em Cadeia da Polimerase Quantitativa (RT-qPCR) e obter os primeiros dados laboratoriais sobre a eventual circulação do SBV no Brasil em amostras clínicas colhidas no período de 2011 a 2019. Adicionalmente foram também pesquisados anticorpos anti SBV empregando um kit de ELISA comercial. A RT-qPCR foi padronizada e validada utilizando primers e sonda que amplificam o segmento S do genoma do SBV. Por motivos de biossegurança, como controle positivo foi construída uma sequência sintética desse segmento, clonada no plasmídeo pTZ57R e propagada em E. coli (estirpe JM109). Foram analisadas 1665 amostras de sangue total e 313 amostras de pool de órgão de fetos abortados para pesquisa direta do SBV além de 596 amostras de soro para a pesquisa indireta. Os ácidos nucléicos foram extraídos utilizando cador®Pathogen 96 QIAcube® HT conforme o manual do fabricante. As amostras de sangue total e fetos foram amplificadas pela RT-qPCR padronizada e validada. A análise sorológica foi realizada por ELISA indireto (ID Screen® Schmallenberg virus Indirect Multi-species- IDvet). A RT-qPCR padronizada apresentou sensibilidade analítica de 1 cópia de RNA/µL. Todas as amostras clínicas analisadas por RT-qPCR e ELISA foram negativas para o SBV. O Brasil é destaque na pecuária bovina e apesar de ter condições favoráveis para a disseminação do SBV, os dados obtidos sugerem que o SBV não circulou na população bovina estudada em território brasileiro. Manter condição de livre para essa doença é fundamental para evitar as perdas decorrentes da infecção, bem como aquelas decorrentes de barreiras internacionais impostas pelos países importadores. O presente estudo contribuiu para o estabelecimento de estrutura diagnóstica e trouxe as primeiras informações objetivas sobre a circulação do SBV no Brasil, fatos de extrema importância para a Defesa Sanitária e para atender às exigências de mercados internacionais.