Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Lauriti, Thiago |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-30112018-095549/
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Resumo: |
Nesta tese, investigam-se as edições originais de duas obras representativas de uma rede de textos presentes no limiar da literatura infantil e juvenil no Brasil, na transição do século XIX para o século XX: Historias da avosinha (1896), de Figueiredo Pimentel e Atravez do Brazil (Narrativa) de Olavo Bilac e Manoel Bomfim (1910). Essas obras estiveram presentes nas bases estético-ideológicas da literatura infantil no período da Primeira República e constituem documentos de valor histórico que marcam o limiar da literatura voltada às crianças brasileiras. Analisam-se tais obras, nesse contexto, com os seguintes objetivos: a) rastrear os potenciais sentidos encobertos pela poeira do tempo, associando os valores presentes no plano textual que recobre o universo diegético das obras aos dispositivos paratextuais (autorais e editoriais, peritextuais e epitextuais) que envolvem as publicações originais, relacionando-os às posições institucionais ocupadas tanto por esses escritores quanto por seus editores; b) verificar as relações estabelecidas entre esses escritores, seus editores e o mercado editorial da época, em conexão com a ideologia vigente à época e o gênero a que pertencem; c) identificar a natureza das adaptações que representam; e d) identificar os traços que caracterizam a arqueologia desses autores. Trata-se de uma investigação qualitativa de natureza teórico-analítica e bibliográfica que, a partir do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, coleta dados das fontes documentais primárias das duas obras, acrescidas por informações extraídas de memorialistas, jornais e catálogos da época em que foram produzidas. Utilizou-se o termo palimpsesto como uma chave metafórica que se reporta a uma atitude hermenêutica de escavação das pistas indiciárias diluídas nas camadas textuais, paratextuais e intertextuais reveladoras das condições de produção das obras selecionadas. Esse modelo epistemológico assentado nos detalhes mostrou-se válido e produtivo e permitiu que, pela desmontagem ativa das camadas que as compõem, se tornasse possível penetrar nos espaços interditos dessas temporalidades. Corroborou-se, nesta investigação, a hipótese de que a imagem de autor, na gênese da literatura infantil brasileira, não pode ser entendida fora da ideia de uma representação compartilhada e estabelecida com os editores-livreiros. As análises revelaram tanto as motivações comerciais quanto as ideológico-educativas dessas parcerias, inseridas em ações educacionais mais amplas que deram visibilidade aos projetos estabelecidos em um mercado editorial em estado nascente. Penetramos na historicidade dessas obras mobilizados pela convicção do seu valor simbólico de parte integrante do patrimônio histórico, cultural e artístico. O recorte que balizou esta investigação, associando as análises dos planos textuais, paratextuais e intertextuais ao paradigma indiciário ampliou a perspectiva analítica para além da epiderme textual, exigindo um movimento interpretativo de decifração que, além de ter revelado valores e costumes da época, mostrou-se importante também para a compreensão das convenções literárias e editoriais que também podem ser vistos como elementos da literariedade. |