Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Moreira Neto, Acacio |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5151/tde-14092023-140523/
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: Indivíduos com transtorno depressivo maior (TDM) apresentam desesperança, baixa percepção afetiva (desfechos clínicos) e reduções volumétricas da amígdala, tálamo e núcleo accumbens (NAcc) (desfechos volumétricos), os quais estão associadas com a maior gravidade do TDM, principalmente em indivíduos com baixas condições socioeconômicas. Embora o exercício aeróbico (EA) seja uma das principais intervenções de baixo custo (i.e., caminhada e corrida), diminuindo os sintomas depressivos e aumentando a volumetria do hipocampo, não existem estudos que analisam os efeitos do EA nos desfechos mencionados no presente estudo. Adicionalmente, é importante testar a hipótese de que o EA associado com exercícios de complexidade motora (EACM) poderia ser mais efetivo do que o EA isolado na melhora dos desfechos clínicos e volumétricos, devido ao fato de que exercícios complexos apresentam respostas melhores em nível cerebral do que os exercícios não complexos. OBJETIVO: Analisar e comparar os efeitos de 24 semanas do EA e EACM na desesperança, percepção afetiva (desfechos clínicos) e na volumetria da amígdala, tálamo e NAcc (desfechos volumétricos) em indivíduos com TDM do Sistema Único de Saúde (SUS). MÉTODOS: Quarenta indivíduos (>40 anos) com TDM diagnosticados pela Mini Entrevista Neuropsiquiátrica Internacional (MINI) e com sintomas depressivos avaliados através da Escala de Depressão de Montgomery-Asberg (MADRS) finalizaram o estudo. A desesperança foi medida através da Escala de Desesperança de Beck (BHS), a percepção afetiva pela Escala de Sentimentos (FS) e os desfechos volumétricos foram avaliados através da morfometria da imagem de ressonância magnética 3T e analisados pelo software FreeSurfer. Todos os indivíduos utilizavam antidepressivos e foram randomizados pelo escore da MADRS e o número de episódios depressivos em três grupos: Nenhum Exercício (NE, n=12), EA (n=14) e EACM (n=14). Os grupos EA e EACM realizaram 60 minutos de exercício, duas vezes por semana, durante 24 semanas (em dias não consecutivos). Tamanho de efeito (TE) com intervalo de confiança (IC) foram utilizados para analisar as diferenças intra e entre os grupos na desesperança, percepção afetiva e nos desfechos volumétricos. Além disso, uma análise de regressão linear múltipla (modelo stepwise) foi realizada para identificar se a melhora (pós-pré) dos desfechos volumétricos poderiam explicar a melhora da desesperança e percepção afetiva nos grupos de treinamento. RESULTADOS: O grupo EA reduziu o escore da BHS (TE= -0,73, IC= -0,15 a -1,31), aumentou o escore da FS (TE= 1,24; IC= 0,75 a 1,73), aumentou a volumetria da amígdala esquerda (TE= 0,27; IC= 0,07 a 0,46) e direita (TE= 0,34; IC= 0,08 a 0,61), do tálamo esquerdo (TE= 0,33; IC= 0,06 a 0,60) e direito (TE= 0,26; IC= 0,09 a 0,42) e do NAcc esquerdo (TE= 0,54; IC= 0,31 a 0,77). O EACM somente reduziu o escore da BHS (TE= - 0,62; IC= -1,24 a -0,00) e aumentou o escore da FS (TE= 1,56; IC= -1,03 a 2,10). O EA foi mais efetivo do que o NE na diminuição do escore da BHS (TE= -0,67; IC= - 1,03 a -0,31) e no aumento da volumetria da amígdala esquerda (TE= 0,87; IC= 0,03 a 1,72) e do NAcc esquerdo (TE= 0,88; IC= 0,28 a 1,48). Ainda, o EA foi mais efetivo do que o EACM no aumento da volumetria da amígdala direita (TE= 0,64; IC= 0,22 a 1,37), do tálamo direito (TE= 0,47; IC= 0,03 a 0,91) e do NAcc esquerdo (TE= 0,56; IC= 0,15 a 0,96). Adicionalmente, houve forte tendência (p=0.06) da melhora (pós-pré) da amígdala direita em explicar 72% da melhora da percepção afetiva seguindo o EA. Por fim, a aderência dos grupos EA e EACM foi de 79% para cada grupo, sendo que nenhum grupo apresentou quaisquer eventos adversos decorrentes da prática de exercício. CONCLUSÃO: Ambos os protocolos de treinamento diminuem a desesperança e aumentam a percepção afetiva, porém, somente o EA promove plasticidade cerebral e é mais eficaz do que o EACM em causar essa adaptação (aumento da volumetria da amígdala e do tálamo do hemisfério direito e do NAcc do hemisfério esquerdo). O aumento da volumetria da amígdala direita tende a explicar a melhora na percepção afetiva seguindo o EA. Assim, o EA é recomendado por ser uma intervenção segura, acessível e de baixo custo que causa melhora clínica e plasticidade cerebral em indivíduos com TDM do SUS |