Avaliação de comorbidades renais, metabólicas e cardíacas em adultos com osteogênese imperfeita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Simões, Vivian Roberta Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-24092024-162318/
Resumo: Osteogênese imperfeita (OI) é uma doença genética crônica primariamente caracterizada por fragilidade óssea e deformidades, acompanhadas de manifestações extraesqueléticas. Frente à gravidade da doença na infância e adolescência, o estudo das manifestações da OI em adultos foi historicamente pouco priorizado. Embora o ritmo das fraturas tenda a diminuir após a puberdade, diversas comorbidades vêm sendo descritas em adultos com OI, carecendo melhor caracterização. Neste contexto, o objetivo do atual estudo foi investigar manifestações renais, metabólicas e cardíacas em adultos com OI. Para tanto, foi desenhado um estudo transversal incluindo adultos com OI atendidos em um ambulatório especializado. Foram coletadas informações sobre o ritmo de fraturas, deformidades e gravidade do acometimento esquelético, além de avaliação da mobilidade e diagnóstico molecular. A avaliação renal incluiu: i) histórico clínico de nefrolitíase, registro dietético e do uso de medicamentos e suplementos, ii) investigação laboratorial sérica e em urina de 24 horas abrangendo o metabolismo ósseo e mineral, e iii) investigação por imagem com ultrassonografia renal e/ou tomografia computadorizada. Para avaliação metabólica foram registrados dados antropométricos, realizada avaliação laboratorial do perfil glicêmico e lipídico, e analisada composição corporal por absorciometria radiológica dupla (DXA). A avaliação cardíaca incluiu medida da pressão arterial, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) de 24 horas, eletrocardiograma e ecocardiograma transtorácico. Foram avaliados 94 adultos com OI (57 mulheres, 37 homens, 21 a 76 anos de idade). A maioria apresentava OI moderada a grave (70%) e 48% necessitavam de auxílio para deambular ou não deambulavam. Os defeitos do colágeno foram a causa molecular mais comumente identificada (79%). Nefrolitíase foi identificada em 26 indivíduos (28%), 13 dos quais apresentavam sintomas. Não foi encontrada associação com o uso de suplementos de cálcio. Cálcio urinário >144,25 mg/dia (p=0,024) e citrato urinário < 235 mg/dia (p=0,048) foram significativamente associados à nefrolitíase. Regressão logística revelou risco 5,6 vezes maior de nefrolitíase quando oxalato urinário > 19 mg/dia (p=0,047). Observou-se tendência de maior ocorrência de nefrolitíase em indivíduos com OI moderada a grave, estatisticamente significativo nas mulheres (p=0,01). Hipercalciúria foi identificada em 36% da coorte, significativamente correlacionada a escore de mobilidade (r=0,214), sódio urinário de 24 horas (r=0,426), CTX (r=-0,257) e P1NP (r=-0,251) séricos. A avaliação do índice de massa corpórea revelou sobrepeso a obesidade em 57%, e o histórico evolutivo mostrou que 60% dos adultos com OI ganharam >3% do peso evolutivamente durante o seguimento ambulatorial. Ainda, o excesso de gordura corporal foi documentado por DXA em 65%. Baixa massa magra apendicular foi evidenciada em 54%, correlacionada significativamente a gravidade do acometimento esquelético (r=-0,411) e grau de mobilidade (r=0,605). Laboratorialmente, 38% apresentaram HDL baixo, 12% disglicemia e 33% resistência insulínica avaliada pelo HOMA-IR. Embora apenas 15% estivessem em tratamento para hipertensão arterial sistêmica, este diagnóstico foi estabelecido pelo MAPA em 24%. O eletrocardiograma resultou normal na maioria dos indivíduos, e o ecocardiograma revelou alterações valvares discretas em 17% e achados significativos em 22%. Em conclusão, os achados deste estudo sugerem que o cuidado de pessoas com OI precise ser adaptado na fase adulta para melhor vigilância e prevenção de hipercalciúria e nefrolitíase, excesso de adiposidade e perda de massa magra, e alterações estruturais valvares. Cálcio, citrato e oxalato urinário parecem ser fatores determinantes no risco de nefrolitíase em adultos com OI