A autoridade conselheira e o discurso contemporâneo sobre a crise da/na família.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Monteiro, Luiza Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-18062008-172817/
Resumo: Este trabalho trata da produção discursiva sobre a crise de autoridade na família contemporânea, tomando como fonte de análise a literatura de auto-ajuda que versa sobre o tema. O recorte nessa literatura foram, entre outros, os livros \"Pais brilhantes, filhos fascinantes\", de Augusto Cury, e \"Quem Ama Educa\", de Içami Tiba, pesquisados em sites eletrônicos, no mês de abril de 2006, como \"os dez mais vendidos\". O objetivo é compreender como se organiza o discurso sobre crise de autoridade na família, em que ele se apóia para produzir efeitos de poder, o diagnóstico produzido e os preceitos, realizados pelos autores, para a construção de uma boa família. Compreende-se o discurso de acordo com Foucault, vinculando-o a políticas de verdade anexadas a determinados tipos de saberes e a condições sócio-políticas e econômicas especificas de existência, isto é, como um jogo de poder em que se produz o verdadeiro e o falso e cujos efeitos de poder são produzir realidades e sujeitos. A conclusão é de que o discurso da crise de autoridade funciona como um operador de instabilidades e de deslocamento da autoridade familiar para as autoridades difusas e especialistas ou autoridades conselheiras, fundamentadas em saberes científicos e pseudocientíficos, como os da psicoterapia e de psiquiatria, devidamente popularizados. Nesse processo de produção discursiva da família em crise e incapaz de educar os próprios filhos, estabelece-se um vazio de autoridade, no qual se inscrevem novas tecnologias de normalização e educação: a educação da emoção, por meio de prescrições técnicas de saber e poder que restituiriam aos pais e mães a autoridade perdida, a harmonia familiar e produziria, como efeito, sujeitos responsáveis, bem sucedidos e felizes. Hipoteticamente, esse modo contemporâneo de produção de sujeitos é parte de um processo de deslocamento, em curso, da sociedade disciplinar para a sociedade de controle, a partir da articulação das técnicas de poder e controle que combinam o controle das emoções pelas racionalidades com o reforço da constituição de indivíduos voltados para vida íntima e privada.