Resumo: |
Jovens estudantes reclamam de suas aulas de física no ensino médio. Professores reclamam da superficialidade das aulas e da falta de condições objetivas de trabalho. Cientistas reclamam da fraca formação de base e do baixo investimento em pesquisa e educação. Pesquisadores em ensino de física desenvolvem propostas, projetos, metodologias e materiais e compreendem processos internos, externos, históricos e fenomenológicos. Os governos insistem que estão ampliando os investimentos em educação. E os jovens estudantes continuam a reclamar das aulas de física que frequentam no ensino médio. A precariedade do ensino de física no Brasil é notória e muito tem sido feito nas últimas décadas em termos de pesquisa, de apresentação de resultados e de mudanças na legislação. Neste trabalho, parto da hipótese de que o ensino de física de nível médio no Brasil está muito aquém do que se produz em pesquisa científica e tecnológica e de que os professores estão insatisfeitos com sua prática cotidiana, e defendo a tese de que é preciso romper com a atual estrutura de trabalho do professor se for almejada uma formação científica cidadã, autônoma, crítica e plena em democracia. Foi estudado como o trabalho docente esteve organizado ao longo das últimas décadas e como está estruturado neste início de século, segundo a lógica do capitalismo contemporâneo (MÉSZÁROS; BRUNO; BERNARDO; MARX; PARO), como a física vem sendo construída nos últimos milênios (ZANETIC; KUHN; MENEZES; FEYNMAN) e o que tem sido produzido recentemente na pesquisa em ensino de física (SALEM; KAWAMURA). A coleta de dados se deu a partir da aplicação de um questionário envolvendo a organização do trabalho docente, a física enquanto ciência e cultura e a pesquisa em ensino de física, respondidas por professores de física de nível médio de escolas públicas da cidade de São Paulo, englobando unidades municipais, estaduais e federais. A realidade do trabalho dos professores de física lhes impede que preparem melhor suas aulas e que tornem a física mais viva, como eles têm vontade; terminam por manter aulas expositivas, ensinando a física clássica de modo tradicional. Há a necessidade urgente de mudarmos a forma e o conteúdo do trabalho docente. |
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