Deficiência mental leve: processos de escolarização e de subjetivação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Amaral, Tatiana Platzer do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-19022013-085656/
Resumo: O recorte temático desta tese de Doutorado centra-se no processo de subjetivação da deficiência mental leve, bem como sua produção, a partir da perspectiva das egressas das classes especiais para deficientes mentais leves de escolas públicas no estado de São Paulo. O processo de escolarização é entendido como um elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade, entre o aluno e a deficiência mental leve, o que permite reconhecer a importância das descrições e análises das egressas acerca da passagem pela escola e do processo de enquadramento na condição de aluno especial. O referencial teórico adotado pauta-se em autores da abordagem histórico-cultural em Psicologia Escolar/Educacional, bem como nas discussões de perspectiva histórico-crítica no campo da deficiência mental. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, que teve como colaboradoras duas ex-alunas de classe especial para deficientes mentais leves, idade de 31 e 34 anos, entrevistadas nos anos de 2002/2003. Foram compilados documentos de prontuários escolares, bem como produções escritas solicitadas pela pesquisadora. Além disso, colaboraram com a pesquisa as mães das entrevistadas. A análise foi dividida em três momentos, a saber, caracterização social e familiar, escolarização na condição de não aprendiz geradora da deficiência mental leve e vivência da exclusão escolar. Foi possível perceber nas histórias das egressas as evidências do processo de classificação e de homogeneização que ocorreram ao longo da escolarização de alunos oriundos das classes trabalhadoras, culminando com a exclusão escolar na condição de deficiente mental leve. Tal condição foi marcada pela descrença na capacidade de aprendizagem e envolveu, contudo, estratégias de resistência tanto das egressas como de suas mães com o intuito de garantir a escolarização. Há um processo de conformação de subjetividade, permeado pela imputação da culpa, de forma dolorosa em que os sentimentos envolvidos puderam ser percebidos em relatos marcados por desamparo, tensão, choro, desespero, revolta, solidão, medo entre outros. As egressas vivenciaram uma história de intensa perda de direitos vitais e sociais, por meio da incorporação da crença da própria incapacidade e da necessidade eterna de tutela dos mais responsáveis, parte desta crença é produzida na relação com educadores e profissionais de saúde. A eficácia do processo de conformação de subjetividade acontece pela responsabilização de si mesma pelo fracasso, associada ao insistente desejo de retorno à escola, uma vez que na realidade são vítimas de uma escola pública historicamente ineficiente inserida numa sociedade excludente