O divã no palco: discurso terapêutico, indústria cultural e a produção de bens culturais com pessoas comuns

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Volpe, Maíra Muhringer
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-04112013-131315/
Resumo: Não é raro encontrar na televisão brasileira, e mesmo na rádio, emissões que trazem depoimentos de pessoas comuns comentados por especialistas, sobretudo, psicólogos. Desentendimentos conjugais, problemas com filhos, desavenças com vizinhos, conflitos no trabalho, são alguns dos temas exibidos. Trata-se de versões cujo formato orienta também produções estadunidenses, europeias e latino-americanas, cuja temática, apropriada pela indústria cultural nacional, difunde um discurso terapêutico. Embora as ideias de manipulação dos participantes e de sensacionalismo na busca por audiência sejam justificativas para a veiculação desse tipo de emissão, existem outros sentidos que podem ser atribuídos quando se aproximam as razões que mobilizam pessoas a dar visibilidade a histórias e questões consideradas de foro íntimo. Foram esses outros sentidos aqui investigados. Uma abordagem, portanto, a partir dos participantes de No Divã do Gikovate (Rádio CBN), Casos de Família (SBT) e Márcia (Bandeirantes) norteou a pesquisa apresentada. A interação social no palco, nos bastidores e na plateia foram vias de acesso a dois grupos sociais envolvidos na produção e no consumo desses bens culturais. O estudo dessas interações apontou lógicas diferentes de produção: uma demanda espontânea, entre aqueles que integram as emissões animadas pelo Dr. Gikovate, e um sistema de produção da exibição, ou seja, uma cadeia produtiva por trás das emissões televisivas que abarca tanto profissionais formalmente contratados pelas emissoras quanto pessoas engajadas informalmente. Tais interações indicam ainda grupos que possuem universos mentais distintos, com repertórios expressivos e recursos afetivos específicos. Seus integrantes apropriam-se do discurso terapêutico difundido transformando-o em senso prático para sua vida afetiva.