Identidades, poderes e saberes em um programa popular da televisão brasileira - uma abordagem discursiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Lopes, Carlos Renato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-23012008-110205/
Resumo: O presente trabalho situa-se na convergência interdisciplinar entre a Análise do Discurso de linha francesa e os estudos da mídia na pós-modernidade. Nele pretende-se demonstrar, com base na observação de 10 episódios de um programa popular da televisão brasileira (o Programa do Ratinho), como existe no gênero uma tendência crescente de dispersão de identidades, poderes e saberes. Embora limitados por regras discursivas que determinam sua produção e exibição, esses programas se caracterizam pela constante negociação e redefinição dos limites de poder dos diferentes sujeitos envolvidos - apresentadores, convidados leigos e especialistas, público da platéia e audiência doméstica. Propõe-se que tal tendência à dispersão está ligada ao fenômeno marcadamente pós-moderno da dispersão dos sentidos, promovida por sua vez em grande parte pela multiplicidade de vozes que se fazem ouvir, com níveis desiguais de poder, nos formatos da mídia contemporânea. No programa popular brasileiro em questão, observa-se uma aparente contradição no que diz respeito à construção de poderes e saberes. Por um lado, a multiplicação potencial das diversas vozes no programa sugere uma situação mais ou menos caótica, na qual os discursos circulam sem uma hierarquia nítida ou estável. Por outro lado, há uma valorização visível das narrativas da experiência pessoal dos participantes, experiência essa que tende a desbancar a autoridade do discurso oficial da ciência - o discurso especializado dos psicólogos, advogados e médicos - e a assumir o status de parâmetro de autenticidade. Nesse sentido, a autenticidade do conhecimento (e também do poder) torna-se maior quanto melhor construída e articulada no espaço concreto do programa popular, ainda que isso implique em uma maximização do elemento performático, que nesse contexto se equivale à verdade autenticada.