Personalidade tipo D e doenças cardiovasculares: adaptação de uma escala

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Suguihura, Ana Luisa Magaldi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-17072014-142034/
Resumo: As doenças cardiovasculares (DCVs) são as doenças não transmissíveis com maiores taxas de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, tendo grande impacto socioeconômico. Dentre os fatores de risco (FRs) biopsicossociais estudados, a personalidade tipo D (PTD) destaca-se como um FR psicossocial emergente e crônico que se refere à personalidade não patológica que torna o indivíduo mais suscetível a outros FRs, aumentando as chances de estabelecimento e prognóstico desfavorável de DCVs. Caracteriza-se pela apresentação simultânea dos traços de personalidade Afetividade Negativa (AN) e Inibição Social (IS), podendo ser detectada pela DS-14, escala composta por 14 itens (subescalas de AN e de IS, cada uma com sete itens) cujas opções de resposta variam em escala Likert de cinco pontos, de zero (False) a quatro (True). Este trabalho teve por objetivo realizar a adaptação da DS-14 para o Brasil, além de comparar sua manifestação em pessoas com e sem DCV. O processo de tradução e adequação cultural baseou-se nas recomendações da American Academy of Orthopaedic Surgeons e do Institute of Work and Health, e teve a participação de dois tradutores, dois retrotradutores e uma linguista. As versões elaboradas foram testadas para confirmação de adequação. Para a verificação de evidências de validade, os escores das subescalas AN e IS foram correlacionados aos escores das subescalas da Bateria Fatorial de Personalidade e foi efetuada análise fatorial exploratória. Para analisar a fidedignidade foi realizado teste-reteste e análise de consistência interna. Os dados de prevalência da PTD e comparação dos escores das subescalas foram obtidos da mesma amostra do estudo psicométrico. A DS-14, versão em português, foi testada com 40 sujeitos, sendo 60,0% do sexo feminino, com média de 45,2 anos de idade (DP=14,95), 72,5% sem problemas de saúde, até que se chegasse à DS-14 versão final, utilizada no estudo psicométrico. Este teve a participação de 184 sujeitos, dos quais 54,3% eram do sexo feminino, tendo em média 47,45 anos de idade (DP=13,48), sendo que 56,5% não tinham DCV. A partir da amostra total, 140 indivíduos compuseram estratificação proporcional de acordo com os subgrupos da população cardiopata (70 sujeitos) e da população geral (70 sujeitos) de Ribeirão Preto para correlação com a BFP. Destes, 44 ainda compareceram após média de 96 dias para reaplicação da escala. Os coeficientes de correlação da AN com o traço Neuroticismo (0,63, p<0,01), assim como o da IS com o traço Extroversão (-0,32, p<0,01) correspondem aos encontrados na literatura internacional e são coerentes com suas definições teóricas. A análise fatorial exploratória encontrou dois fatores (AN e IS) que, juntos, explicam 46,58% da variância dos dados. Os itens da DS-14 se agruparam exatamente conforme escala a original, corroborando o modelo teórico e somando-se aos dados de outros trabalhos para fortalecer as evidências de validade da DS-14. Foram encontrados os índices de 0,76 (AN) e 0,65 (IS) na correlação teste-reteste, e 0,79 (AN) e 0,76 (IS) na análise de consistência interna, o que, junto aos resultados acima, demonstra que a DS-14 tem características psicométricas adequadas para uso junto à população brasileira. A prevalência de PTD na amostra total foi de 45,7%, com escore médio de 24,99 (11,60), com presença de PTD em 50% da amostra cardiopata e 42,3% da amostra sem cardiopatia. Com relação às subescalas, os escores do Grupo DCV foram maiores do que os escores do Grupo sem DCV, com diferença estatisticamente significante no traço AN. A DS-14 é de aplicação rápida e adequada à língua portuguesa usada no Brasil. Os resultados do estudo psicométrico apresentaram evidências consistentes de validade e de fidedignidade, o que a torna um instrumento seguro para uso em pesquisas brasileiras. A tendência da PTD ser mais intensa em indivíduos cardiopatas deve ser melhor estudada.