Resumo: |
Não está esclarecido sobre o real papel da prática regular de atividade física em diferentes níveis de intensidade sobre o perfil somatossensorial mecânico doloroso na região orofacial em indivíduos saudáveis. Adicionalmente, aspectos psicossociais e comportamentais também têm sido descritos como capazes de interferir na percepção da dor. Este estudo buscou avaliar a influência do nível autorrelatado de atividade física no perfil somatossensorial mecânico doloroso e na qualidade de vida. 90 participantes adultos, com idade entre 18-40 anos, de ambos os sexos foram classificados em três grupos que se diferenciaram quanto à frequência, duração e intensidade de atividade física que realizaram nos últimos três meses. A classificação foi feita de acordo com alguns critérios modificados da versão resumida do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Para avaliar a presença de alterações no perfil somatossensorial mecânico doloroso, foram realizados testes sensoriais quantitativos de limiar de dor mecânica (LDM), limiar de dor de pressão (LDP) e teste de somação temporal (WUR) na região do músculo temporal anterior e no músculo tenar da mão não dominante. Uma análise de variância (ANOVA) com os fatores intra-sujeito sítio (2 níveis) e os fatores inter-sujeitos sexo (2 níveis), nível de atividade física (3 níveis) e estilo de vida (2 níveis categorizados de acordo com a mediana da amostra total) foi aplicada para comparação das variáveis somatossensoriais. Para comparação das variáveis psicossociais entre os grupos, foi aplicado uma ANOVA com os fatores inter-sujeito nível de atividade física para avaliação da catastrofização e o teste de H de Kruskal-Wallis para comparar os níveis de ansiedade, estilo de vida e qualidade de vida. Os aspectos psicossociais diferiram de forma significativa entre os grupos, sendo que o grupo com baixo nível de atividade física apresentou os escores mais baixos no questionário sobre estilo de vida (p<0,009), e nos seguintes domínios da avaliação da qualidade de vida foram menores na capacidade funcional (p<0,002) e estado de saúde geral (p<0,014). Os escores relacionados à saúde mental do grupo com baixo nível de atividade física foram menores apenas em comparação ao grupo com moderado nível de atividade física (p=0,034). Embora o domínio vitalidade tenha apresentado um efeito principal do grupo significativo, as comparações múltiplas entre pares não revelaram diferenças entre os grupos (p<0,050). Não houve efeito principal significante do grupo para nenhuma das variáveis somatossensoriais (F<0,34 e p>0,416). Entretanto, houve um efeito principal do sítio para o PPT, em que os limiares da região tenar foram maiores que os do temporal anterior (Tukey: p <0.001). Por fim, embora a interação entre sítio, sexo e qualidade de vida tenha sido significativa para os valores de WUR (F=6,08 e p=0,015), as análises de comparações múltiplas não foram significantes nos principais pontos de comparação (p<0.050). O estudo concluiu que o autorrelato do nível de prática de atividades físicas não influencia de maneira significativa os limiares somatossensoriais mecânicos e a somação temporal na região orofacial, embora piores índices de qualidade de vida estejam presentes em participantes que reportam autorrelato de baixo nível de atividade física. |
---|