\"Tem vez que a gente não consegue nem andar\" : uma análise sobre qualidade de vida no trabalho das camareiras de hotel

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Camargo, Gabriela Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100140/tde-03062021-191214/
Resumo: A hotelaria, de vital importância para o turismo, vem adquirindo expressiva representatividade econômica e crescimento no Brasil e em São Paulo. Não obstante, suas relações de trabalho permaneciam precarizadas. Após o início da recessão hoteleira em 2020, devido à Covid-19, tais relações se tornaram mais fragilizadas, principalmente para os trabalhadores de base, como as camareiras dos hotéis. Pesquisadores já sublinharam as más condições de trabalho na área, que correspondem a apenas um dos fatores que integram a Qualidade de Vida no Trabalho. Sendo assim, busca-se definir e analisar a Qualidade de Vida no Trabalho das camareiras de hotel. O recorte da pesquisa são os hotéis de luxo em São Paulo, por serem considerados referências no quesito administrativo. A fim de alcançar esse objetivo, estabeleceram-se quais fatores deveriam ser considerados na análise da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e, para tanto, procedeu-se a um levantamento histórico de suas definições e modelos. Com vista a fornecer o contexto da análise, traçou-se um panorama atual da hotelaria em São Paulo e realizou-se a contextualização do trabalho na hotelaria. Em seguida, investigaram-se os fatores de QVT pela perspectiva das camareiras de hotel. Como metodologia, adotou-se a revisão bibliográfica e documental, por fim, aplicaram-se entrevistas semiestruturadas em profundidade com as camareiras de cinco hotéis de luxo (ou upscale) de São Paulo. Paralelamente, aplicou-se o Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). O tratamento dos dados deu-se por meio da Análise do Discurso. Como resultados, além do cumprimento dos objetivos propostos, obteve-se uma linha do tempo sobre o desenvolvimento dos conceitos e modelos de QVT e desenvolveu-se um modelo de análise. Além disso, chegou-se à conclusão de que diversos fatores da QVT das camareiras de hotéis de luxo foram considerados críticos ou graves. Entre eles, estão a organização do trabalho, os custos cognitivo e físico do trabalho, o esgotamento profissional, a falta de reconhecimento e os danos físicos da rotina laboral. Apresentaram-se os fatores necessários para melhorar as relações de trabalho, a saber: o fortalecimento dos sindicatos, a fiscalização dos hoteleiros, a sensibilização das camareiras sobre a importância de sua função na área hoteleira, a conscientização dos empreendimentos turísticos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho, a influência da Qualidade de Vida no Trabalho sobre o desempenho dos hotéis, a criação de leis trabalhistas justas e sua fiscalização. Também foram exibidas sugestões de soluções fornecidas pelas entrevistadas. Por fim, levanta-se uma nova lacuna, que seria a busca por uma maneira de aproximar os resultados dos estudos sobre o tema aos gestores e demais trabalhadores da área hoteleira