Condições socioeconômicas e ambientais associadas à hanseníase na Bahia, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Miranda, William Cabral de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-09102015-141340/
Resumo: Introdução: A hanseníase, doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, tem seu mecanismo de transmissão não totalmente esclarecido. A transmissão ativa pode estar associada a movimentos migratórios, condições sociais ou outras fontes de infecção (como a manutenção do bacilo no ambiente). Objetivos: Descrever o padrão espacial do risco relativo da hanseníase em menores de 15 anos no estado da Bahia; identificar possíveis agrupamentos espaciais e investigar a possível associação entre o risco relativo da hanseníase e fatores socioeconômicos e ambientais. Metodologia: Este estudo ecológico utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 2005 a 2011, do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Informações Demográficas e Socioeconômicas do Departamento de Informática do SUS, bases cartográficas digitais de dados ambientais do IBGE e bases cartográficas digitais do estado da Bahia e estados vizinhos. Os riscos relativos por município foram padronizados pela covariável gênero. A análise de varredura espacial com o programa SaTScan permitiu verificar a existência de agrupamentos espaciais do tipo alto e/ou baixo. O segundo estágio da análise consistiu em verificar a possível associação entre risco relativo da hanseníase como variável dependente e variáveis socioeconômicas e ambientais como explicativas, através de análises de regressão hierárquica multivariada não espacial e espacial, de acordo com quadro conceitual definido previamente. Resultados: Durante o período de estudo foram notificados 1.674 casos, que representam 7,87% dos casos totais. As taxas em menores de 15 anos, padronizadas por gênero, diminuiu de 0,89/10.000 em 2005 para 0,57 em 2011. A estatística de varredura espacial identificou 4 agrupamentos de risco alto e 6 de risco baixo. No modelo de regressão hierárquica, o risco relativo foi associado positivamente com porcentagem de corpos dágua, Índice de Gini, porcentagem de população urbana, número médio de moradores em domicílios particulares permanentes, e negativamente com o número de residentes nascidos na Bahia. Conclusão: Este estudo mostrou que a hanseníase ainda está ativa no Nordeste do Brasil, principalmente em ambientes urbanos. Embora o risco relativo da hanseníase tenha diminuído, ele ainda permanece muito alto. Migrações de assentamentos rurais para as cidades, bem como mais pessoas vivendo em domicílios e desigualdades sociais são resultados de um processo histórico no nordeste do Brasil, que dão suporte para a continuidade do processo de transmissão da doença. A associação entre o risco relativo da hanseníase e corpos dágua na escala geográfica proposta, indica que a hipótese que associa a M. leprae e ambientes úmidos ainda não pode ser descartada.