Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Calheiros, Alline dos Santos Ferreira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30032017-162459/
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Resumo: |
Com o objetivo de investigar as condições de possibilidade de a experiência escolar se comprometer com a formação moral de seus alunos, este trabalho retoma, em alguma medida, a pergunta socrática direcionada a Protágoras no diálogo platônico de mesmo nome: A virtude pode ser ensinada? A questão é abordada, sobretudo, à luz do pensamento de Hannah Arendt, sendo mobilizadas tanto suas considerações a respeito da educação quanto aquelas relativas à filosofia moral. Arendt apresenta-nos uma concepção de moralidade que não se baseia na relação com os outros, mas que depende, fundamentalmente, do relacionamento do homem consigo mesmo e da sua escolha em relação àqueles junto aos quais deseja viver. Ao refletir sobre o colapso moral que acometeu a Europa a partir da ascensão dos regimes totalitários, a autora conclui que a conduta moral não está associada à simples assimilação de padrões e regras objetivas de comportamento que direcionam a ação perante os outros. Tomando alguns escritos de Kant e a figura de Sócrates como suas principais inspirações, Arendt elabora um conceito de ética que vincula a conservação da integridade moral à manutenção da capacidade de falar consigo mesmo por meio da atividade do pensamento e de ser digno de conviver com aqueles a se quem escolhe como companhia o que pressupõe o exercício do juízo. Para a autora, então, a ética pode ser compreendida como uma questão individual, que se ancora nas faculdades do pensamento e do juízo consideradas por ela como prerrogativas de todo e qualquer ser humano. É a partir da disposição para pensar e julgar, portanto, que os indivíduos constituem-se como pessoas, alguéns ou personalidades morais. Sob tal perspectiva, uma educação que pretenda comprometer-se com a formação moral de seus alunos deve ultrapassar a mera assimilação e conformação às regras de conduta e aos valores e hábitos morais então vigentes sobre os quais, inclusive, já não se tem mais clareza e alimentar o exercício das atividades do pensamento e do juízo. Destarte, para refletir sobre tal possibilidade, recorre-se, prioritariamente, aos escritos de Masschelein e Simons, que tratam da forma escolar enquanto skolé, e ao pensamento de Oakeshott sobre educação, em especial suas concepções de linguagem e aprendizagem. Na intersecção das perspectivas desses autores com o pensamento arendtiano, propõe-se olhar para a escola como um lugar de experiências, ou seja, de encontros com os outros, com o mundo e com a pluralidade de olhares que existe sobre ele; onde podem ser oferecidos aos alunos um tempo e um espaço para experimentar, apropriar-se e criar vínculos com o mundo; e no qual os estudantes serão constantemente convidados a olhar para as coisas desse mundo e a falar sobre elas, seja com os outros ou consigo mesmos. A escola, assim, aparece como um espaço-tempo que possibilita a vivência de uma diversidade de experiências de caráter formativo, especialmente para a personalidade moral, uma vez que tal instituição parece se configurar como um dos poucos lugares onde ainda é possível compartilhar o mundo e atribuir a ele algum sentido comum. |