Levantamento de fungos toxicogênicos associados a cereais e seus subprodutos através de ensaio biológico com ratos albinos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1979
Autor(a) principal: Salgado, Jocelem Mastrodi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11135/tde-20231122-093215/
Resumo: O presente trabalho teve por objetivo um levantamento qualitativo de fungos toxicogênicos associados a milho, trigo e arroz, por meio de amostragens procedentes de várias regiões do Brasil. O efeito tóxico foi avaliado através de bioensaios com Rattus norvegicus (variedade albinus) linhagem Winstar. Alêm disso foi estudada a eventual produção de micotoxinas em alimentos processados, subprodutos de cereais, tais como fubá, farinha de trigo, polentinha, creme de arroz e ração para animais. Com base nos resultados obtidos foram extraídas as seguintes conclusões: 1 - No levantamento de fungos associados a cereais foram mais frequentemente isoladas espécies dos gêneros Fusarium, Aspergillus e Diplodia e, com menor frequência espécies dos gêneros Penicillium, Cephalosporium, Curvularia, Trichoderma e Micelia sterilia. 2 - Os resultados obtidos nos bioensaios mostraram que 21 isolados do gênero Fusarium, 4 do gênero Diplodia, 1 espécie do gênero Aspergillus e uma do gênero Penicillium foram letais, matando os animais durante o período experimental de 10 dias. 3 - Para os isolados não letais, foi estudado o seu comportamento matemático e biológico e, com base nesses dados foram sugeridas as seguintes conclusões: 3.1 - 5 isolados do gênero Aspergillus, 1 do gênero Fusarium e 2 do Micelia sterilia apresentaram uma resposta linear, com os animais ganhando peso durante todo o período experimental e com um quadro sintomatológico altamente tóxico, tóxico e ligeiramente tóxico, o que pode ser explicado entre outros fatosres, por um acúmulo anormal de líquido, retenção de resíduos metabólicos ou a um efeito hormonal estrogênico. 3.2 - 20 isolados do gênero Fusarium, 2 do gênero Aspergillus, 1 espécie do gênero Trichoderma, 1 do gênero Diplodia e 1 de Micelia sterilia apresentaram resposta linear, com os animais perdendo peso durante todo o experimento e com quadro sintomatológico altamente tóxico, tóxico e ligeiramente tóxico, sendo essa redução de peso efeito característico de micotoxicose. 3.3 – 3 isolados do gênero Fusarium e 1 do gênero Aspergillus apresentaram uma regressão linear com os animais perdendo peso durante toda fase experimental. Entretanto isso não deve ser atribuído a efeito tóxico, uma vez que os animais apresentaram quadro sintomatológico normal, devendo ser, provavelmente, atribuído a fatores específicos na ração, tais como palatibilidade ou um baixo valor energético ou protéico, devido à imobilização dos nutrientes pelo próprio fungo. 3.4 - Algumas espécies do gênero Fusarium apresentaram uma resposta quadrática, com os animais perdendo peso no início, atingindo um ponto de mínimo e ganhando peso a seguir. Entretanto esse ganho de peso associado a quadro sintomatológico variando de tóxico a ligeiramente tóxico, sugere uma micotoxicose provavelmente por ação de hormônios estrogênicos. 3.5 - 3 isolados do gênero Aspergillus, 2 isolados do gênero Curvularia apresentaram uma resposta quadrática, ou seja, que animais ganharam peso no início, atingiram um ponto de máxima e depois passaram a perder peso. Essa perda de peso associada a quadro patológico tóxico ou ligeiramente tóxico sugere o envolvimento de micotoxinas. 3.6 - Alguns isolados dos gêneros Fusarium, Diplodia, Curvularia, Penicillium, Aspergillus, Cephalosporium e Micelia sterilia mesmo presentes nas rações não manifestaram efeitos tóxicos aos animais. 4 - Os estudos realizados com populações complexas de microrganismos presentes em alimentos processados, em sua grande maioria não mostraram efeitos tóxicos, o que poderia ser atribuído à ação metabólica da microflora competitiva. Em poucos casos, como em uma marca de farinha de trigo e uma de fubá, foi observada alguma ação tóxica.