Aspectos epidemiológicos do consumo de medicamentos psicotrópicos pela população de adultos do distrito de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1979
Autor(a) principal: Tancredi, Francisco Bernardini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-10032017-162118/
Resumo: O autor faz uma análise crítica do consumo de medicamentos psicotrópicos e apresenta os resultados de um inquérito epidemiológico realizado no Distrito de São Paulo com vistas a determinar os níveis de prevalência e incidência do consumo destes medicamentos, os padrões de consumo, os tipos de medicamentos mais frequentemente utilizados e a associação do uso de psicotrópicos a algumas variáveis sócio-demográficas. Inicialmente discute os aspectos psico-sociais da ansiedade chamando a atenção para o risco da utilização de ansiolíticos, hipnóticos e sedativos para o alívio da ansiedade objetiva, a qual representa uma resposta de defesa do indivíduo frente ao seu meio ambiente; defende a idéia de que esta forma de ansiedade é útil e necessária ao Homem e que a utilização indiscriminada de medicamentos psicotrópicos para o seu alívio representa um prejuízo para o desenvolvimento emocional individual e para a progressão teleológica da sociedade. Discute aspectos do mercado destes medicamentos apontando os papéis desempenhados pelos principais envolvidos em uma complexa relação de interesses: a indústria farmacêutica, a classe médica, os pacientes e os proprietários de farmácias. Em relação ao mercado brasileiro, discute o importante segmento ocupado pelos produtos classificados como \"antidistônicos\" que, a seu ver, representam uma forma disfarçada de colocação no mercado de produtos psicotrópicos cuja venda escapa aos rigores da legislação que regula a prescrição e aquisição de medicamentos contendo substâncias psicotrópicas. O inquérito epidemiológico realizado em 1976-1978 indica que entre 3690 indivíduos de 16 ou mais anos de idade pertencentes a 1345 famílias a prevalência de consumo no último ano foi de 122,2/1000 habitantes (75,7/1000 para o sexo masculino e 163,2/1000 para o sexo feminino). A incidência de novos consumidores nos últimos 30 dias foi 7,6/1000 habitantes (5,8/1000 para o sexo masculino e 9,2/1000 para o sexo feminino). Observou-se uma tendência ao crescimento dos níveis de consumo com a idade e valores de prevalência de consumo sempre maiores entre as mulheres do que entre os homens (produto cruzado igual a 2,38). A idade média dos consumidores de psicotrópicos é 5,13 anos superior a dos não consumidores. A prevalência de consumo nas áreas geográficas de melhor qualidade de vida é 62 por cento superior àquela das áreas de menor qualidade de vida. Foram observados três padrões característicos de consumo: o uso regular (56,1 por cento dos consumidores), o uso esporádico (38,1 por cento dos consumidores) e o uso episódico (4,4 por cento dos consumidores). Os consumidores esporádicos tendem a ser mais constantes no seu comportamento do que os consumidores regulares e episódicos. Os medicamentos ansiolíticos, hipnóticos e sedativos são os mais frequentemente usados (86,5 por cento cos casos) e, pelo menos, 62,6 por cento deles podem ser adquiridos sem a apresentação de receita médica. Somente os derivados da benzodiazepina (ansiolíticos e hipnóticos) representam\' 72,8 por cento de todos os produtos consumidos. Em 81,6 por cento dos casos o uso se deu por indicação médica, em 2,7 por cento dos casos a indicação foi do \"farmacêutico\", em 4,4 por cento dos casos a indicação foi de um parente ou conhecido e em 10,2 por cento dos casos foi o próprio usuário que decidiu a indicação. Dentre os médicos, são os clínicos gerais os que mais prescrevem psicotrópicos (57,4 por cento do total) e eles têm clara preferência pelos produtos livres de controle de receituário. Há indícios de que possa haver maiores níveis de consumo entre mulheres com vínculo matrimonial rompido (viúvas, separadas e desquitadas) na faixa etária de 30 a 50 anos. Outrossim, foram observados maiores níveis de consumo em pessoas com menor grau de instrução. Não foi encontrada qualquer relação entre consumo de medicamentos e as condições de habitação (medidas pelo índice de aglomeração).