Rusga: participação política, debate público e mobilizações armadas na periferia do Império (província de Mato Grosso, 1821-834)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, André Nicacio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-04102016-130459/
Resumo: A investigação tem por objetivo compreender as motivações, ideários e estratégias dos diferentes grupos que protagonizaram uma mobilização armada ocorrida na província de Mato Grosso no ano de 1834. Iniciada com a tomada do quartel de Cuiabá pela guarda nacional, na noite de 30 de maio, a Rusga teve como objetivo principal assassinar os homens nascidos em Portugal que viviam na província. Para compreender a mobilização, a análise parte da experiência das juntas provisórias criadas na província em 1821, quando teve início um intenso aprendizado da política sob um Estado liberal, constitucional e representativo. Atuando nas novas instituições, no debate público por via da imprensa e no estabelecimento e reiteração de relações de clientela, as lideranças da província se enfrentaram num processo que culminou na formação de dois campos políticos opostos. Em seguida, é abordada uma sedição feita por militares subalternos em 7 de dezembro de 1831. A análise enfoca os aprendizados, a cultura política e as estratégias dos soldados e oficiais inferiores, que já vinham de uma trajetória de contestação que incluía pelo menos quinze revoltas desde 1821. Neste processo, os soldados se tornaram capazes de interferir diretamente nos rumos da política provincial através da mobilização armada. O estudo passa então a tratar do impacto da Abdicação de d. Pedro I na política de Mato Grosso. Naquele contexto, mobilizações com motivações e composições sociais as mais diversas se utilizaram da evocação do direito à resistência e da politização do local de nascimento para chegar a seus objetivos, apropriando-se do ideário do Sete de Abril. Em Mato Grosso, este período foi marcado por conflitos envolvendo a expulsão e desmobilização das tropas, bem como pela organização de um novo partido, alinhado ao poder central e que se tornou capaz de, num único ano, conquistar a maioria em quase todos os espaços eletivos da província, acabando com um longo domínio de um pequeno grupo de homens na política institucional. Por fim, a investigação analisa o massacre ocorrido na Rusga. São enfocadas a situação de suspensão da legalidade criada na província, além das motivações, ideários e estratégias dos protagonistas da perseguição aos nascidos em Portugal, primeiramente em Cuiabá e, em seguida, no interior.