Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1995 |
Autor(a) principal: |
Bernardes Junior, Cyro |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44133/tde-27102015-144811/
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Resumo: |
Uma das questões mais críticas em uma situação de contaminação ambiental é a definição do que é \"limpo\". Até a década de 70 em todo o mundo, esta resposta era dada exclusivamente por padrões de qualidade de água ou de ar estabelecidos pela legislação, sem se levar em conta o contexto onde o problema ocorria, e sem considerar a presença de compostos orgânicos tóxicos. Como forma de solucionar isto, a agencia americana de contrôle ambiental (USEPA), introduziu no começo da década de 80, o conceito de análise de risco ambiental, onde de forma adicional aos padrões legais de qualidade, se introduz a análise do contexto onde ocorre o problema e de forma detalhada os efeitos de cada substância tóxica presente ou potencialmente presente. Esta metodologia, embora faça uma análise individualizada de cada substância envolvida, em cada um dos meios de transporte existentes (ar, água, solo, biota) e dos receptores existentes ou potenciais (pessoas e biota) da contaminação, o resultado da análise é sistematizado em índices, que podem ser comparados. Estes índices, além de representarem de forma simples, uma situação complexa de contaminação, tornam explícita a necessidade ou não de remediação, bem como os níveis de remoção que serão necessários, evitando que essa decisão se faça com base em critérios não científicos. No Brasil este tipo de abordagem de problemas de contaminação ainda está muito longe de ser utilizada, mesmo porque, são poucos os órgãos de contrôle de poluição que conhecem esta metodologia. Este trabalho teve como objetivo desenvolver esta metodologia para as condições brasileiras, ampliando sua representatividade pela adição de conceitos probabilísticos. Além disso, foram desenvolvidas expressões para a determinação das concentrações objetivo de substâncias tóxicas em um processo de remediação, envolvendo águas subterrâneas, onde hajam vários compostos contaminantes, utilizando também conceitos estocásticos, o que não era previsto na metodologia original. Para a aplicação prática da sistemática foi utilizado o caso de poluição das águas subterrâneas ocorrido no Pólo Cloroquímico de Alagoas. Neste processo os contaminantes envolvidos são compostos organoclorados voláteis, como 1,2 dicloroetano, 1,2,3 tricloropropano, cloreto de metileno, 1,2 dicloropropano e clorofórmio. A poluição causada por uma das empresas instaladas no Pólo foi detectada em 1990 e o processo de remediação continua em atividade. Para o estabelecimento das curvas de distribuição de probabilidade dos Índices de Toxicidade e das Concentrações Objetivo se utilizou o método de simulação de Monte Carlo. Isto foi feito com o auxílio de um programa de computador desenvolvido nos EUA, o Cristall Ball. Com base nas análises de qualidade de água executadas no Brasil pela CINAL (empresa do pólo) e por laboratórios americanos foi possível estabelecer uma distribuição de probabilidade para os desvios nas análises de laboratório, incorporando este fator (qualidade de análises) ao processo de análise de risco, procedimento este pouco considerado neste tipo de análise. Com base em dados censitários foram estabelecidas as distribuições para peso e área corpórea. Para os demais dados, as distribuições foram estabelecidas à partir de dados bibliográficos. Para efeito da análise foram consideradas duas situações de exposição diferentes, uma relativa aos trabalhadores do pólo e outra de moradores do entorno. Para os moradores do entorno sua exposição seria devida á injestão de água contaminada e absorção durante o banho e para os trabalhadores seria somente a injestão de água. Para estes o período de exposição também é menor. Consistente com o adotado pela USEPA este trabalho considerou que o percentil 95% como sendo um valor aceitável de probabilidade de ocorrência de risco. De forma semelhante foi o de considerado que o risco adicional de câncer de 1/100000 é o maior risco aceitável, sendo o valor utilizado para estabelecer a necessidade ou não de remediação envolvendo substâncias cancerígenas. Os resultados mostraram que: O uso de técnicas estatísticas realmente se traduziu em uma avaliação de risco mais precisa que o uso de valores médios. O uso de valores médios pode significar uma subestimativa de risco de até 100 vezes para compostos carcinogenicos. O método mostrou claramente que pode-se adotar padrões diferenciados para a área do pólo e da vizinhança, indicando inclusive os valores. Os valores seguros na área do pólo são 5 vezes maiores que os para a população vizinha, pois a exposição dos trabalhadores é menor. Um dos fatores importantes na composição do risco é a baixa qualidade das análises. Sendo o fator com maior peso na variância dos Índices de Risco. Padrões de qualidade de água não podem ser simplesmente importados, pois ao se considerar uma população com menor peso corpóreo, maior ingestão de água e qualidade pior de resultados de análises, que os países desenvolvidos, os padrões seguros para populações como as do entorno do Pólo devem ser menores que os dos países desenvolvidos. No caso verificou-se que os valores seguros poderiam ser até 10 vezes menores que os adotados nos EUA. Com esta metodologia foi possível identificar de forma fundamentada que a ingestão é a forma de exposição mais importante e que os dois principais compostos, do ponto de risco global são o 1,2 dicloroetano e o 1,2 dicloropropano. As remoções necessárias para que as águas subterrâneas atinjam valores seguros na área do Pólo, são altas 99,9991 a 99,9994 %. Uma forma de utilização dos Índices de Periculosidade e de Risco de Cancer é para o acompanhamento da evolução da remediação, conjugando em um único índice o resultado da evolução da concentração de vários compostos, com a vantagem desse número ter um significado em termos de rico à saúde. |