Gênero, cuidado e saúde: estudo entre homens usuários da atenção primária em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Villar, Gabriela Baruque
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-20062007-162247/
Resumo: A saúde do homem surge como questão de Saúde Pública frente às elevadas taxas de mortalidade masculina quando comparadas às taxas de mortalidade feminina. Há algumas décadas, os estudos sobre homens buscam relacionar essas estatísticas com a questão de gênero, demonstrando que o padrão de comportamento adotado pelos homens, baseado na masculinidade hegemônica, e socialmente imposto, está relacionado ao comportamento do homem em relação ao processo saúde-doença. Este estudo pretende conhecer a população masculina adulta usuária de um serviço de atenção primária à saúde o Centro de Saúde Escola Barra Funda Dr. Alexandre Vranjac (CSEBF-AV) e o modo como essa população se relaciona com o serviço: quem são esses homens, quais são as suas demandas e como eles estão inseridos na unidade. A partir do projeto de pesquisa intitulado Homens, violência e saúde: uma contribuição para a linha de pesquisa e intervenção em gênero, violência doméstica e saúde selecionou-se amostra de 237 homens usuários do CSEBF-AV. Os homens foram individualmente entrevistados a partir do instrumento questionário e seus prontuários lidos a partir da ficha de leitura de prontuários, buscando-se conhecer aspectos sócio-demográficos, de saúde e de uso do serviço desses homens segundo o tipo de matrícula/ porta de entrada no serviço: moradores e trabalhadores da área de abrangência da unidade, homens em situação de exclusão social e homens cuja entrada no serviço esteve vinculada a condições de saúde-doença relacionadas à vigilância epidemiológica (VE). Os dados coletados foram analisados nos programas STATA v. 9 e Epi Info v. 6.04b. Os homens, em sua maioria, pertenciam ao grupo etário de 35 a 54 anos, tinham 8 a 11 anos de estudo, pertenciam aos estratos sociais C e D, tinham relacionamento estável, moravam com a família em casa/ apartamento e estavam empregados. Em relação às questões de saúde, a maioria dos homens entrevistados mostrou boa percepção de sinais e sintomas, queixas gerais (43,5%) como principal demanda em saúde, uso importante de bebidas alcoólicas (62,4%), uso do preservativo masculino para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (54%) e opção (do casal) por laqueadura ou pílula anticoncepcional como método contraceptivo (41,4%). Em relação ao uso do serviço a maioria dos homens fazia uso de consultas programadas (70%) e buscava primeiramente um centro de saúde frente a um problema de saúde (57,8%). Observamos que moradores e trabalhadores da área apresentaram padrão de uso do serviço e de demandas semelhantes, enquanto que os homens seguidos pela VE apresentaram padrão específico de uso do serviço e demandas, devido à sua inserção diferenciada no serviço. Os homens em situação de exclusão destacaram-se por apresentar diversas características que os tornam mais vulneráveis às questões de saúde, desde fatores sócio-demográficos a formas de uso dos serviços. Acreditamos que as diferenças observadas entre os quatro grupos de homens poderiam estar relacionadas às questões de gênero, além de outros fatores. Ainda, a maior vulnerabilidade dos homens em situação de exclusão às questões de saúde aponta para a necessidade de uma organização do CSEBF-AV baseada nas relações de gênero, elaborando ações e estratégias que atentem para as necessidades comuns e específicas dos diferentes grupos de homens que fazem uso desse serviço.