História natural e ecologia de duas espécies de roedores simpátricas da tribo Oryzomyini (Cricetidae: Sigmodontinae) na floresta Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Bovendorp, Ricardo Siqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-27112013-111952/
Resumo: Dentre os ecossistemas neotropicais, a Mata Atlântica é considerada um dos mais importantes hotspots mundiais. O presente estudo foi conduzido na Reserva Florestal Morro Grande - RFMG (23°39\'-23°48\'S, 47°01\'-46°55\'W), reconhecida pelo seu alto valor para a conservação e está localizada na faixa da Mata Atlântica Ombrófila Densa Montana, Planalto Atlântico do Estado de São Paulo. Presentes na Mata Atlântica, os pequenos mamíferos não-voadores constituem o grupo de mamíferos mais diverso do bioma, e dados recentes relacionados à representatividade ecológica sugerem que os Orizomíneos mais típicos, comuns e abundantes das florestas costeiras e de planalto no estado de São Paulo são Euryoryzomys russatus e Sooretamys angouya. Estes dados ainda indicam que E. russatus e S. angouya, espécies classificadas respectivamente como \"em risco de extinção\" e \"deficiente de dados\" no Estado de São Paulo, respondem diferentemente ao processo de fragmentação, mas não existem informações suficientes disponíveis de história natural e autoecologia para o melhor entendimento destas respostas ao ambiente. O presente projeto avaliou a estrutura populacional, a área de vida, o uso do espaço, a dieta e seleção alimentar exibida por E. russatus e S. angouya na RFMG. O presente trabalho demonstrou que a espécie E. russatus apresenta uma abundância maior do que S. angouya na RFMG e que a temperatura e a disponibilidade de frutos influenciam a variação populacional de E. russatus, enquanto que, para S. angouya, a variação populacional independe dos fatores bióticos (frutos e artrópodes) ou abióticos (temperatura e precipitação) avaliados. Foi verificado uma estratificação vertical no uso do espaço para S. angouya e E. russatus, já que S. angouya apresentou uma locomoção escansorial enquanto E. russatus se apresentou estritamente terrestre. O estudo sugere que a disponibilidade de recursos, o período reprodutivo e o tamanho do indivíduo são os principais fatores que afetam o tamanho de área de vida, o uso do espaço e a locomoção apresentada pelas espécies. Os resultados obtidos pelo estudo da dieta, demonstram de forma conclusiva que E. russatus seleciona alimentos de origem animal, e que S. angouya utiliza muito pouco, ou não utiliza, fontes de origem animal, mas sim fontes vegetais ricas em proteínas e carboidratos, como os frutos. Este estudo possibilitou a compreensão de estratégias de vida adotadas por E. russatus e S. angouya, o que permitiu uma análise comparada da história natural a partir de um contexto evolutivo de organismos que compartilham a mesma escala geográfica e temporal, o que é algo inédito dentro da tribo e da subfamília.