Aspectos da interdependência econômica entre a estrutura do consumo e a comercialização agrícola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1972
Autor(a) principal: Castro, Armando Barros de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-143703/
Resumo: Constitui objetivo do presente estudo estabelecer os principais aspectos da interdependência econômica entre a estrutura da demanda de alimentos e as características da evolução do processo de comercialização no Brasil. Sua importância decorre do indispensável conhecimento das peculiaridades dessa interdependência para a elaboração de política econômica governamental relativa ao aperfeiçoamento do sistema de comercialização. A realização do estudo exigiu uma esquematização da evolução recente da comercialização agrícola no Brasil, bem como a realização de uma pesquisa de campo que, embora feita numa única área urbana, pudesse revelar as principais características da estrutura de consumo de alimentos. Para a realização da pesquisa de campo foi elaborado e testado, preliminarmente, um questionário destinado às unidades domiciliares de Piracicaba, incluindo perguntas principalmente sobre a renda e o consumo de alimentos com o respectivo dispêndio mensal. Para a determinação da amostra (correspondente a 1% da população mais 30 unidades), tomou-se por base o cadastro de consumidores de energia elétrica. Uma vez tabulados, os resultados foram segundo o nível de dispêndio “per capita” com alimentos, o que permitiu a distribuição em seis estratos. Para determinadas análises, a fim de caracterizar três diferentes níveis básicos de dispêndio “per capita”, os seis estratos iniciais foram agregados em apenas três. A partir dessa estratificação e através de comparações foi possível estabelecer as principais diferenças da estrutura da demanda de alimentos para os diversos estratos. Para a análise da dinâmica da estrutura da demanda, ou seja, para a caracterização das mudanças que nela ocorrem quando a renda se expande, foi necessário determinar os coeficientes de elasticidade. Para a determinação desses coeficientes foram testadas quatro diferentes regressões. Utilizaram-se, entretanto, os resultados da função bilogarítma , tendo em vista que, nesse caso, a elasticidade é constante, pois é igual ao coeficiente de regressão. Quanto ao processo evolutivo da comercialização agrícola no Brasil, constatou-se que passou por três etapas relativamente distintas. A primeira correspondendo ao período em que o mercado interno não era suficientemente grande para justificar uma infraestrutura própria. Utilizou-se, nessa época, a infraestrutura montada para a exportação de produtos primários. A segunda correspondendo ao intenso processo de industrialização e urbanização do após-guerra, na qual foi necessário expandir e transformar fisicamente toda a infraestrutura de comercialização, especialmente pela substituição do transporte ferroviário pelo rodoviário. Finalmente, na 3ª etapa, procedeu-se a uma racionalização econômica da comercialização, basicamente pelo incremento da competitividade nos canais de comercialização, onde passariam a ter papel decisivo as cadeias de supermercados integradas verticalmente. Nessa etapa permanece o fenômeno da adequação física do sistema de comercialização, e desenvolve-se, paralelamente, sua diferenciação qualitativa, resultante, naturalmente, da instituição de um mercado heterogêneo, no qual adquire importância econômica crescente a demanda de alimentos diversificados e industrializados, típica dos estratos de renda elevada. Os resultados da pesquisa confirmaram a existência de grande heterogeneidade no universo dos consumidores, fenômeno este que necessariamente desempenhará papel decisivo na evolução do sistema de comercialização. No presente estudo, portanto, enfatizou-se, a partir de análises relativamente autônomas, a profunda interdependência econômica entre as estruturas da demanda e da comercialização de alimentos.