A Língua Geral de Mina e o Ciclo do Ouro: um capítulo da história dos contatos no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Wellington Santos da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-10032021-184821/
Resumo: Nesta tese, apresentamos um estudo sobre a língua geral de Mina (LGM), uma língua africana falada no Brasil, no século XVIII, e documentada por António da Costa Peixoto, no manuscrito Obra Nova de Lingoa Geral de Mina (1741). Nosso objetivo consiste em demonstrar, através da análise de tópicos da sintaxe, que a LGM tinha uma gramática essencialmente Gbe, com inovações em alguns domínios, devido aos processos de competição e seleção de traços linguísticos ocorridos na ecologia de contato. Neste sentido, nossa abordagem é ancorada na investigação da história dos contatos linguísticos que caracterizaram o Ciclo do Ouro, nas Minas Gerais, local onde a LGM foi falada. Deste modo, tomamos como base a teoria da evolução linguística (MUFWENE, 2001, 2008, entre outros), bem como trabalhos que abordam os mecanismos de competição e seleção de traços linguísticos em ecologias de contato (ABOH, 2015a, DEGRAFF E ABOH, 2017, entre outros). Além disso, com o intuito de identificar, o tanto quanto possível, os agentes formadores da LGM no Brasil, investigamos alguns aspectos da vida dos africanos escravizados, cobrindo os períodos anterior e posterior ao tráfico transatlântico. Com o auxílio da literatura historiográfica, constatamos que os povos Gbe - os mais atingidos pela escravidão do período do Ciclo do Ouro (LAW, 2002) - eram dotados de uma notável homogeneidade etnolinguística (ABOH, 2015a), o que, na diáspora, proporcionou a união desses povos em torno do grupo de procedência Mina, rede social de interação bastante sólida que, segundo argumentamos, também foi aberta aos desclassificados do ouro, em Minas Gerais (ABOH, 2015a; LAW, 2002; SOUZA, 2004; entre outros). O estudo sobre a sintaxe da LGM toma como ponto de partida uma série de trabalhos sobre a estrutura das línguas Gbe modernas (ABOH, 2004, 2007, 2015b; AMEKA, 1991, 2010; ESSEGBEY, 1999; ABOH E ESSEGBEY, 2010, entre outros), sob o argumento de que, ao longo dos séculos, essas línguas apresentam uma relativa estabilidade nos domínios de sua gramática (ABOH, 2015a). No entanto, os tópicos da sintaxe da LGM sugerem que, enquanto a variedade Gbe da diáspora permite identificar alguns traços morfossintáticos característicos do referido conjunto de línguas, ela também apresenta algumas inovações, resultantes dos processos de competição e seleção de traços na ecologia linguística do Ciclo do Ouro.