Avaliação da disfunção vascular induzida pela testosterona em modelo experimental de hormonização: participação de células Th17

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Jeimison Duarte
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-07022022-175652/
Resumo: Fatores sexuais masculinos exercem efeitos deletérios sobre o sistema cardiovascular, dentre outros mecanismos, por aumento de células Th17 e seus mecanismos efetores. Como efeito colateral, a hormonização com testosterona aumenta o risco cardiovascular em indivíduos transmasculinos. Neste trabalho, investigamos se a testosterona induz disfunção vascular por aumento de células Th17 circulantes, em modelo experimental de hormonização. Após protocolos preliminares para padronização do tratamento, camundongos fêmeas (C57/BL6) foram tratadas com cipionato de testosterona (48 mg/Kg/semana) por 8 semanas. Um grupo de fêmeas foi ovariectomizado para investigar se a gonadectomia (outro procedimento utilizado na transição de gênero) modifica os efeitos induzidos pela testosterona. Camundongos machos foram utilizados para comparações fenotípicas (CEUA-FMRP: 079/2019). O tratamento com testosterona aumentou os níveis circulantes do hormônio nas fêmeas a níveis observados nos machos. A testosterona aumentou a massa do músculo gastrocnêmico e o índice de massa corpórea dos animais, além de reduzir a gordura perigonadal, mimetizando achados clínicos. Em aortas isoladas, a testosterona reduziu a vasodilatação dependente do endotélio e intensificou o efeito anticontrátil do tecido adiposo perivascular (PVAT), com participação da óxido nítrico sintase induzível (iNOS). A longo prazo (24 semanas), o tratamento com testosterona aumentou a pressão arterial nas fêmeas. A ovariectomia não modificou os efeitos fenotípicos ou cardiovasculares induzidos pela testosterona. O tratamento com testosterona nas fêmeas aumentou o percentual de células Th17 circulantes e, no tecido vascular, aumentou a expressão gênica de RORγt e proteica da p-STAT3 (Y750), importantes marcadores para perfil Th17. A testosterona não alterou a vasodilatação em animais deficientes em células T e B [Rag1 knockout (-/-)]. Porém, a transferência de células T CD4+ para esses animais restaurou os efeitos vasculares deletérios induzidos pela testosterona. A testosterona também não modificou a função vascular de fêmeas deficientes para o receptor da IL-17 (IL-17Ra-/-), importante citocina liberada por células Th17. Apesar de o tratamento promover o aumento do percentual de células T γδ produtoras de IL-17 circulantes, estas células não contribuem para os efeitos cardiovasculares da testosterona, uma vez que a hormonização alterou a função vascular em fêmeas deficientes para células T γδ (TCRδ-/-). Não houve diferença na vasoconstrição entre os grupos experimentais. Em conjunto, nossos resultados sugerem que a disfunção vascular induzida pela testosterona é mediada por células Th17 em modelo experimental de hormonização. Esperamos, com esse enfoque, fornecer dados importantes para otimização do processo de hormonização em indivíduos transmasculinos.