Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Herscovici, Nicole |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-11012024-200207/
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Resumo: |
A chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) poder, a partir de uma campanha a favor do setor produtivo nacional, reabriu o debate em torno da relação entre empresariado industrial e Estado no Brasil (BOITO, 2018; SINGER, 2018). Sob os governos Lula, a burguesia industrial ganhou espaço político, embora o lulismo tentasse equilibrar os interesses das frações burguesas (SINGER, 2018; TEIXEIRA; PINTO, 2012). Já o governo Dilma teria avançado na relação com os industriais e apostado em uma coalizão produtivista, priorizando seus interesses a partir de uma política econômica que via na reindustrialização o principal motor do crescimento econômico. Os industriais pareciam ser os principais beneficários das mudanças na política econômica. Seu protagonismo na defesa do impeachment de Dilma se tornou, a partir disso, um puzzle para os cientistas políticos. A presente pesquisa pretende contribuir para a investigação do posicionamento político industrial sob os governos petistas. Para isso, temos como estudo de caso os industriais têxteis-vestuaristas. Primeiro, encontramos que o alinhamento com os governos petistas era limitado. Embora, de fato, tivessem ganhado poder político, a política econômica ainda favorecia, prioritariamente, os segmentos mais dinâmicos da economia - o setor financeiro e a indústria extrativista. A desindustrialização em curso desde os anos 1990 não foi revertida e, sob o governo Dilma, foi até acelerada. Não obstante, os industriais apoiaram efetivamente os governos petistas até o primeiro semestre de 2013. A situação se complica, contudo, com a desaceleração da economia chinesa e o risco de estagflação no Brasil, que reduz a margem de manobra para uma política ganha-ganha (MARTINS; RUGITSKY, 2019). A partir do segundo semestre de 2013, os dirigentes têxteis passam a se opor ao governo e ao modelo político-econômico em voga, e, em troca, defender uma agenda de \"modernização\" estrutural do Estado e da economia brasileira. A inflexão de seu posicionamento revela a preferência por uma política de redução estrutural do custo da mão de obra e de disputa pelo controle do poder estatal. Por fim, investigamos o timing dessa mudança, que nos revela um papel central das manifestações de junho de 2013. Os protestos se tornaram uma janela de oportunidade, inaugurando um novo ciclo na política brasileira. Primeiramente, alterou a correlação de forças, tornando mais provável a saída do PT do governo federal e a vitória da oposição. Em segundo lugar, a partir de então, constroi-se um diagnóstico e prognóstico consensual em torno da crise brasileira. Os principais problemas se tornam o PT e o modelo de Estado que ele representava e a solução passa a ser a saída do partido do Poder Executivo - seja pelas urnas em 2014, pela renúncia em 2015 ou pelo impeachment em 2016 - e a implementação de reformas estruturais, sintetizadas, posteriormente, no documento Ponte para o Futuro. |