O transpasse da vida em vadiação: entre a capoeira, o cavalo marinho e o maracatu rural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Valério, Pedro Henrique Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-30052021-192305/
Resumo: A capoeira, o cavalo marinho e o maracatu rural são fenômenos da cultura popular negro-brasileira. O ato de vadiar ou brincar perpassa essas manifestações, designando o ato de praticá-las. Para abordá-lo, aplica-se uma fenomenologia pertinente ao estudo de fenômenos culturais, que se inscreve nos domínios da pesquisa qualitativa em Psicologia. Utiliza-se como referencial metodológico a Fenomenologia Genética e Generativa propostas por Edmund Husserl (1859-1938). Para identificar quais são e como se configuram os sentidos vividos próprios ao acontecimento do vadiar pertinentes às três manifestações culturais, avança-se ao descrever e compreender a estrutura intencional essencial a elas. O foco centra-se na dimensão intersubjetiva que se manifesta estruturalmente para as experiências de cada praticante, incluindo a própria experiência do pesquisador que, fenomenologicamente acessada, integra o percurso metodológico. Para cumpri-lo, realizaram-se incursões nas dimensões filosóficas e metodológico-qualitativas, elaborando uma alternativa prática teoricamente fundamentada para tais fins. O acesso ao fenômeno se realiza por meio da experiência prática do pesquisador e da entrevista fenomenológica, que convida os participantes a descreverem suas vivências em vadiar. Foram, então, selecionados aqueles mais experientes em cada manifestação cultural, conforme o reconhecimento de suas comunidades como tais, na prática do maracatu rural e do cavalo marinho. A respeito da capoeira, esta é articulada fenomenologicamente por meio do contraste com resultados já obtidos em pesquisa anterior. Apreendendo-se o fenômeno na carnalidade de seu mundo vivido, obteve-se como resultado uma forma estrutural de transformação da existência, essencial à manifestação do vadiar, implicando desdobramentos políticos, sociais e pessoais na vida dos praticantes. Em seguida, em contraste com diversos estudos históricos, psicológicos, antropológicos e sociológicos, aprofunda-se a descrição e a compreensão fenomenológica destas manifestações culturais. Conclui-se com considerações a respeito dos resultados alcançados e dos novos campos abertos para a continuidade do desenvolvimento fenomenológico do tema.