Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Barbosa, Jordana Batista |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-04122019-170410/
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Resumo: |
Os solos antrópicos possuem uma atuação determinante em alguns processos, principalmente pelas práticas humanas cotidianas e pela forma de ocupar o espaço e se assentar, que deixam marcas no solo, como estruturas habitacionais, fogueiras, resíduos orgânicos e minerais. Tudo que nos rodeia envolve transformações físicas e químicas, de modo que o entendimento desses fenômenos é essencial para o desenvolvimento humano sob todos os aspectos. Relatos de viajantes e fontes etno-históricas dos séculos XVIII e XIX indicam vários aldeamentos indígenas às margens do rio Araguaia e seus afluentes. Pesquisas arqueológicas desenvolvidas registraram aldeias de agricultores cujos materiais cerâmicos destacam-se por estar predominantemente em superfície junto à presença de solos enegrecidos. À vista disso, foram realizadas pesquisas nos sítios arqueológicos Cangas I e Lago Rico (Goiás) utilizando as técnicas da geoquímica, arqueometria e micromorfologia de solos, com o objetivo de identificar os solos antrópicos em assentamentos pré-coloniais ceramistas. O ambiente é uma variável extremamente importante quando se trata de fenômenos químicos. Entender como estes elementos se comportam em ambientes de Cerrado é extremamente importante quando se analisam as formas de assentamentos pré-coloniais e os deslocamentos territoriais dos grupos humanos. O uso da micromorfologia de solos, pioneiro nesta pesquisa para o bioma Cerrado, se tornou indispensável para a interpretação das leituras químicas, respondendo a questões como tempo de ocupação e atividades desenvolvidas nos assentamentos, o que possibilitou novas discussões sobre as formas e funções dos assentamentos ceramistas Uru na Bacia do rio Araguaia. Os resultados obtidos a partir do uso destas técnicas analíticas comprovam que o sítio Cangas I se trata do assentamento mais antigo com características de ocupação fixa, sendo identificado pelos depósitos antrópicos, como presença de fragmentos ósseos e estruturas de fogueira, enquanto o sítio Lago Rico estaria sendo ocupado ao mesmo tempo como um acampamento de mobilidade sazonal. Em relação à morfologia dos assentamentos, o sítio Cangas I se assemelha aos sítios filiados à fase Aruanã, que possui forma linear, enquanto o sítio Lago Rico apresenta duas áreas de concentração circular, que se assemelham às fases Itapirapuã, Uru e Jaupaci. Os dados etnográficos sugerem que estes assentamentos estavam sendo ocupados por grupos indígenas Karajá, Bororo e Kayapó. Assim, a diversidade dos padrões arqueológicos encontrados nesse período, considerado o mais recente dos 9 assentamentos de agricultores, sugere fluxos de migração com rotas, velocidades e comportamentos variados. Percebe-se também um processo de diversificação constante das estratégias adaptativas, no que diz respeito à transformação abrupta da paisagem ao longo das duas estações que se tem para áreas de Cerrado, o que está intimamente relacionado à disponibilidade dos nutrientes no solo, assim como às possíveis áreas de ocupação ou atividades específicas. |