Avaliação da imunogenicidade anti-HBV em portadores crônicos do vírus da hepatite C não cirróticos após exposição a dois esquemas de vacina contra hepatite B

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Medeiros, Roseane Porto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-09112021-125801/
Resumo: Introdução: Alguns estudos de imunogenicidade da vacina anti-HBV em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite C (VHC) demonstraram resposta anti-HBs diminuída, variando de 63,6% a 72,9%, em comparação com 90,9% a 93,9% em controles sadios. Objetivos: Avaliar a resposta antiHBs, com dose dupla comparando com a dose padrão da vacinação VHB e, em não respondedores administrar uma quarta dose de vacina (Butang®, Instituto Butantã, São Paulo) em pacientes VHC crônicos virgens de tratamento sem cirrose. Métodos: 141 adultos com VHC crônico sem cirrose foram randomizados em 2 grupos: A (dose dupla: 40 µg aos 0, 1 e 6 meses) ou B (dose padrão: 20 µg aos 0, 1 e 6 meses) para receber vacinação contra o VHB. A resposta à vacinação foi medida por títulos de anti-HBs 1 mês após a última dose de vacina VHB. 70 controles sadios (grupo C) foram também avaliados (anticorpos negativos para anti-HCV, anti-HBc, AgHBs e anti-HBs) que receberam dose padrão (20 µg em intervalos de 0, 1 e 6 meses). A resposta de vacina (soroconversão) foi definida por anti-HBs 10 U/L. Pacientes VHC crônicos que não respondem à imunização primária receberam a quarta dose de vacina de acordo com o grupo que foram previamente randomizados. Resultados: 128 pacientes (60 dose dupla, 68 dose padrão) completaram o estudo, sem abandono devido a eventos adversos. Os pacientes que concluíram tinham idade mediana de 52 anos, 61% mulheres, 52% brancos, 60% fibrose < 2 e 75% genótipo 1 com mediana HCV RNA de 6log10. A taxa global de soroconversão global foi de 76,7% (95% CI 65-87) na dose dupla e de 73,5% (95% CI 63-84) na dose-padrão e, em comparação, com 91,2% (95% IC 84-99) em controles sadios (p=0,02 e 0,008, respectivamente). Entre os pacientes infectados com VHC, a soroconversão não foi significativamente diferente na dose dupla versus dose-padrão (p = 0,69). Entre os respondedores, a média de títulos anti-HBs na dose dupla e na dose padrão dos grupos vacinais não foram significativamente diferentes dos controles (205 vs 432 UI/ L, p = 0,66). No modelo de regressão logística avaliando a associação entre os grupos vacinais (dose dupla vs padrão) e a soroconversão anti-HBs,o esquema vacinal não foi um preditor independente de resposta (OR = 0,85, p = 0,69). Entre os 25 não respondedores, após a administração da quarta dose, 8 soroconverteram (IC95% 13,2-52,9) e as taxas de soroconversão para os grupos de dose dupla e dose padrão foram 45,5% (n=5, IC 95% CI 16-74.9) e 21,4% (n=3, IC 95% 0.0-42,9) respectivamente (p = 0,19). Na análise multivariada, após controle de possíveis fatores de confusão, incluindo idade, sexo, etnia e genótipo do VHC, apenas a idade avançada (OR = 0,93, p = 0,0004), etnia não branca (OR = 0,34, p = 0,0245) e genótipo 1 do VHC (vs outros) (OR = 0,14, p = 0,0059 ) estavam associados com uma menor probabilidade de resposta anti-HBs em pacientes infectados com VHC. A mediana de idade após a primeira dose da vacina não mostrou diferença entre os pacientes que soroconverteram e os que falharam a imunização. Conclusões: Em pacientes infectados com VHC, sem cirrose, a resposta à vacinação contra o VHB é significantemente comprometida e esta resposta reduzida não pode ser superada pela utilização da dose dupla da vacina. Adicionar uma quarta dose da vacina para os não respondedores pode ser uma estratégia efetiva e justifica outros estudos. Outras medidas adjuvantes são necessárias para aperfeiçoar as taxas de soroconversão neste grupo de pacientes altamente susceptíveis