Papel da N-acetilcisteína, como agente protetor da membrana peritoneal na lesão provocada por solução de diálise hipertônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Bui, Deborah Serra Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5148/tde-28012008-095908/
Resumo: Em 2006, a Diálise Peritoneal representou, no Brasil, o método de tratamento de 9,3% dos pacientes com Insuficiência Renal Crônica Terminal. A terapia dialítica provoca uma lesão na membrana peritoneal de característica inflamatória, com grave desbalanço do processo oxidativo. Associa alto transporte de solutos e perda da capacidade de ultrafiltração da membrana. Vários fatores contribuem para a lesão, tais como a bioincompatibilidade das soluções de diálise peritoneal e sua elevada concentração de glicose. O objetivo do presente estudo é avaliar o efeito protetor da N-acetilcisteína na lesão provocada pelo uso de solução dialítica hipertônica em modelo experimental de diálise peritoneal. Foram estudados 22 ratos Wistar, machos, não-urêmicos, divididos em quatro grupos, sendo: um grupo-controle, não submetido à infusão de SDP; o grupo RL, que recebeu infusão diária de solução ringer lactato; o grupo SDH, que recebeu infusão de SDP e, finalmente, o grupo SDH+NAC, que recebeu infusão de SDP e tratamento com N-acetilcisteína via oral, diariamente (600mg/L). Após seis semanas, foi realizada avaliação funcional da membrana peritoneal pela relação uréia do dialisato, com uma hora de permanência na cavidade peritoneal, e plasma (D/P uréia), assim como pela razão entre a concentração de glicose no líquido peritoneal após uma hora de permanência na cavidade e a concentração de glicose na solução de diálise infundida (G1/G0). As substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) foram utilizadas como marcadores no processo oxidativo. A concentração de TBARS foi avaliada em amostra de urina 24hs e dosagem no plasma. Comparada ao grupo-controle, a avaliação funcional do grupo SDH apresentou aumento do transporte peritoneal com D/P uréia de 0,67±0,1 vs 0,46 ± 0,05 (p: 0,03) e G1/G0 de 0,27±0,07 vs 0,44±0,08 (p: 0,01), demonstrando lesão funcional importante. Quando avaliado o grupo SDH+NAC, tratado com N-acetilcisteína e o grupo não tratado SDH, foi observado maior transporte de solutos do grupo não tratado, com D/P uréia 0,67±0,1 vs 0,51 ± 1(p: 0,03) e G1/G0 de 0,27± 0,07 vs 0,35 ± 0,06 (p:0,01). Portanto, foi constatada maior lesão de membrana comparada ao grupo tratado. Comparados ao controle, os grupos SDH e SDH+NAC apresentaram maiores concentrações de TBARS, seja pela dosagem urinária (p:0,002), seja pelo TBARS plasmático (p:0,0001). O grupo tratado SDH+NAC apresentou menores concentrações de TBARS, comparado ao grupo não tratado SDH, provavelmente por um efeito protetor da Nacetilcisteína. Quando avaliada a membrana peritoneal parietal, o grupo tratado apresentou menor espessamento de membrana, medido em micrômetro, em relação ao grupo não tratado (p:0,01) O presente estudo sugere que a lesão da membrana peritoneal provocada pelo uso de solução dialítica hipertônica sofre uma forte influência do processo oxidativo e que o uso contínuo de N-acetilcisteína, por via oral, pode ter efeito redutor dessa lesão.