Análise prognóstica de um programa de tabagismo entre pacientes com comorbidade psiquiátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lima, Danielle Ruiz de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-22122022-095558/
Resumo: A prevalência do tabagismo entre indivíduos da população psiquiátrica é significativamente alta comparada à população geral. Essa população é conhecida por apresentar tabagismo mais grave, maior dificuldade em parar de fumar e pior acesso ao tratamento para a cessação do tabaco. Além disso, pouco ainda se sabe sobre os preditores de sucesso e necessidades de adaptação do modelo de tratamento convencional do tabagismo para os contextos de saúde mental. Este estudo retrospectivo, de caráter naturalístico, buscou avaliar a resposta ao tratamento para a cessação de tabaco entre diferentes subgrupos de indivíduos com transtornos mentais. Foram incluídos 1.213 indivíduos que participaram do programa de tratamento para a cessação do tabaco oferecido pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) de São Caetano do Sul. A amostra foi distribuída em quatro grupos diagnósticos: (1) dependência de nicotina (DN) (n=713;58,8%); (2) dependência de nicotina com outro transtorno por uso de substâncias (TUS) (n=141;11,6%); (3) dependência de nicotina com outro transtorno mental não relacionado a outro transtorno por uso de substância (TM) (n=209;17,2%); e (4) dependência de nicotina com outro transtorno por uso de substâncias e outro transtorno mental (TUSM) (n=148;12,2%). Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e de padrão de consumo de cigarro. O tratamento teve a duração de seis semanas e foi composto por seis sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC) em grupo e quatro consultas médicas individuais com enfoque medicamentoso. Os desfechos abstinência pontual, de sete e de 28 dias, e abstinência prolongada, de 12 meses a partir do término do tratamento, foram investigados. Dados de gravidade do tabagismo e de conclusão do tratamento com êxito foram também avaliados como possíveis preditores de resposta. Foram utilizados os modelos de regressão logística e de regressão de Cox para as análises. Os resultados apontaram para índices de abstinência satisfatórios (45,4-62,5%, 20,9- 36,5%; e 14,9-22,4%, na abstinência de sete dias, de 28 dias e de 12 meses, respectivamente), sendo os índices mais baixos no grupo TUSM em todos os tempos avaliados. Com relação à abstinência prolongada, a gravidade do tabagismo foi identificada como principal fator preditor de maior risco de recaída na amostra estudada. Foi observado também que a subamostra que não concluiu o tratamento possuía mais participantes do grupo TUSM e maior intensidade do tabagismo, além de terem recebido menos medicação para auxiliar no processo de cessação e, entre aqueles que concluíram o tratamento com êxito, não foram observadas diferenças nos índices de abstinência entre os grupos diagnósticos. Conclui-se que a inserção do programa de cessação de tabaco oferecido em rotina de serviço do CAPS-AD favoreceu a redução da prevalência de tabagistas entre indivíduos com diferentes tipos de transtornos mentais. Mais atenção deve ser dada a tabagistas com maior número de diagnósticos, assim como aqueles com alto nível de dependência de nicotina. O investimento em estratégias que garantam a permanência de tabagistas da população psiquiátrica no tratamento, assim como a intensificação de intervenções medicamentosas e psicossociais, pode contribuir para o aumento das chances de sucesso de programas de tabagismo neste contexto