Um estudo qualitativo e psicanalítico acerca da conjugalidade e suas transformações: a esposa como principal provedora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Almeida, Kelma Assunção Sousa Lacerda de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-10072024-172214/
Resumo: Lidar com todas as transformações vinculares, em uma sociedade em constante mudança, gera um desafio para os casamentos longevos, principalmente quando nos centramos nos casais de dupla carreira em que a mulher é a maior provedora. Diante disso, esta pesquisa teve como referencial teórico a Psicanálise Vincular e como objetivo analisar o impacto desse contexto na psicodinâmica de quatro casais heterossexuais, de dupla carreira, em que a mulher é a maior provedora, de classe média, casados há, no mínimo, 5 anos, com ou sem filhos. Foram feitas entrevistas semidirigidas com o casal e aplicação individual do procedimento de Desenho de Família com Estórias (DF-E). A coleta de dados foi realizada de forma remota devido às restrições da pandemia de covid-19. Incômodos relacionados à posição de maior provedora das esposas não surgiram como fonte de conflitos manifestos em nenhum dos casais. O material do DF-E, como significativa ferramenta complementar para compreensão dos fenômenos psíquicos, confirmou as interpretações dos conteúdos inconscientes de sobrecarga emocional nas mulheres e, nos homens, dificuldades de se expressar e falar sobre seus sentimentos e suas fragilidades. Sobre a divisão de tarefas domésticas, três dos quatro homens da pesquisa se responsabilizaram pela maior parte do trabalho em casa, enquanto suas esposas estavam trabalhando mais. Esse comportamento masculino pode indicar uma importante mudança que vem sendo requerida pelas mulheres, desde que elas entraram no mercado de trabalho. Um achado interessante do estudo foi que encontramos nas famílias de origem de todos os casais participantes a presença de uma mulher como maior provedora, o que revelou indícios da atuação da transmissão psíquica em cada história vincular. Observamos que, na geração anterior à dos participantes da pesquisa, já houve mudanças em relação ao modelo tradicional de casamento, mas elas não puderam ser vividas em sua plenitude, devido à forma lenta em que ocorrem processos de transformações de valores na sociedade. Nos casais estudados, o modelo de conjugalidade igualitária ainda estava em construção. O reconhecimento, importante fator para uma conjugalidade igualitária, não foi encontrado na amostra pesquisada, apenas um conhecimento consciente da situação concreta vivida pelo casal. A presença do reconhecimento pode ser o indicador da mudança de funcionamento, de respeito e de empatia aos novos lugares do homem e da mulher na relação conjugal. Por último, esperamos que os achados da presente pesquisa sobre as repercussões das psicodinâmicas conjugais encontradas nos casais e famílias em que a mulher é a principal provedora possam contribuir para a construção de relações mais igualitárias e com mais compreensão tanto do parceiro quanto da sociedade.