Reconstrução paleoceanográfica ao longo dos últimos 3000 anos na plataforma continental sudeste do Brasil: uma abordagem multiproxy em testemunho de alta resolução

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Felipe Rodrigues dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21137/tde-13062019-161218/
Resumo: Uma abordagem multiproxy [n-alcanos, alquenonas, n-alcanóis, esteróis, carbono orgânico total (COT) e δ13C] foi utilizada em amostras de testemunho sedimentar de alta resolução para avaliar variações paleoclimáticas e paleoceanográficas na região da Plataforma Continental de Sudeste do Brasil ao longo do Holoceno Tardio. O modelo de idade, obtido através da análise de 14C, demonstrou que o testemunho representa os últimos 2900 anos. A partir dos marcadores, principalmente os moleculares orgânicos, foi possível observar quatro diferentes fases ao longo do testemunho, com eventos característicos de cada fase. A primeira fase, entre a base do testemunho e 1800 anos antes do presente (AP), apresentou as concentrações mais altas de marcadores moleculares terrígenos, valores mais altos de COT e da taxa de sedimentação, além de apresentar um aumento nos valores da temperatura da superfície do mar (TSM). Com isso, essa fase foi relacionada a um regime pluviométrico mais intenso no continente adjacente provavelmente relacionado ao dipolo de temperatura entre os oceanos Atlântico nordeste e sudoeste e mudanças na intensidade da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), influenciado principalmente pela frequência de eventos El Niño Oscilação Sul (ENOS) e deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para regiões mais ao sul. A segunda fase, entre 1800 e 1600 AP, foi associado a um período de regime hidrodinâmico mais intenso, com um meandramento mais vigoroso da Corrente do Brasil (CB), dificultando a deposição de sedimentos finos na região e causando os percentuais mais altos da fração areia nesse período. A terceira fase, entre 1600 e 600 anos AP, foi caracterizada por uma mudança do aporte regional de material terrígeno proveniente de regiões mais ao sul da área de coleta do testemunho, provavelmente Rio da Prata, e transportado pela Corrente Costeira do Brasil (CCB), indicado pela presença dos marcadores moleculares e pela diminuição da TSM. A quarta fase, entre 600 anos AP e o topo do testemunho, apresentou um aumento gradual de marcadores marinhos e diminuição mais acentuada da TSM. Esse comportamento está relacionado a intensificação dos eventos de ressurgência na região entre a Ilha de São Sebastião e Cabo Frio, causada por regimes de vento NE e pela formação de meandros da CB. Os períodos correspondentes aos eventos Medieval Climate Change e Little Ice Age não apresentaram variações dos marcadores ou da TSM no testemunho analisado.