Notações coreográficas: a partilha do gesto editorial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Anna Carolina Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-21062023-102621/
Resumo: Esta pesquisa investiga esforços no sentido de fazer tender a zero a distância entre certo modo de pensamento e gesto, ou simplesmente ascese. Para tanto, recorre a práticas de documentação gráfica da dança denominadas notações coreográficas. Aqui reunidas em 20 espécimes situados entre 1496 e 1981, tais práticas tornam diferentes modos de dançar, ensinar, estudar, ler e escrever legíveis em termos de pensamento-ato. Dessa forma, permitem investigar a relação ascética entre educação, dança e pensamento, enfoque esse derivado do estabelecimento preliminar de uma conversação entre dissertações e teses defendidas ao longo da última década no território nacional, e alguns pensadores pós-estruturalistas concentrados na relação entre filosofia e dança. A ênfase ao aspecto procedimental da ascese corporal, ensejada pelo arquivo das notações, encontra suporte nos oito cursos ministrados por Michel Foucault no Collège de France entre 1976 e 1984. Uma vez que esses cursos se caracterizam por certa descontinuidade nos planos temático, teórico e empírico, a relação entre tal conjunto e o das notações ocorre por interpelação recíproca. Investigamos o arquivo das notações a partir do operador de edição. Considerando aqui a edição como uma força de afetação das práticas, o referido operador foi forjado em companhia dos últimos cinco cursos da série foucaultiana, os quais tinham a ascese como um fio condutor. Do encontro entre essa mesma fração dos cursos e as notações, a abordagem da ascese por meio de seus procedimentos editoriais encaminha a investigação para dois realces: o de uma diferença operativa entre uma ascese local, especializada, e uma ascese geral; e outro concernente tanto ao modo de presença do mundo quanto ao modo de relação com este, no exercício de si. A partir disso, delineia-se a necessidade de acompanhar a série dos oito cursos de Michel Foucault tendo em vista modos de relação com o mundo. A partir das modalidades relacionais de enfrentamento (por meio do curso de 1976), obediência (por meio dos três cursos entre 1978 e 1980) e composição (por meio dos quatro cursos entre 1981 e 1984), a sondagem dos oito cursos levou ao destaque de diferenças nos procedimentos editoriais de relação com o risco. Em vista das implicações ético-políticas concernentes a tal relação, emerge na pesquisa a necessidade de realizar um deslocamento tático no foco da ascese. Esta pesquisa culmina em uma defesa da relevância ético-estético-política das práticas de edição, na qualidade de saberes determinantes para o vitalismo de qualquer dito domínio de saber; e, por conseguinte, da condição privilegiada do gesto docente como vetor de circulação e partilha de tais práticas, em sua força sempre local, a despeito da relevância comumente atribuída aos saberes por elas editados.