Saberes sobre a cosmética em Portugal e na América portuguesa, de 1704 a 1794

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Traversa, Eduardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-10102023-103415/
Resumo: Esta tese teve como objetivo examinar os saberes sobre a cosmética, ou seja, sobre a limpeza corporal e o embelezamento físico de uma pessoa, que circularam na língua vernácula por meio dos livros em Portugal e na América portuguesa ao longo do século XVIII, embora esse tema não esteja explicitamente registrado nas fontes históricas. Além disso, foram estudadas as informações de caráter técnico que oferecem as fontes e as receitas nelas contidas, incluindo os materiais que elas requerem para o seu preparo. Utilizou-se como perspectiva metodológica a análise dessas obras mediante alguns pressupostos. Um deles orientou-se pela materialidade e circulação dos livros, compreendendo que esses eram suportes físicos que circularam pelo Atlântico vinculando saberes sobre a cosmética. Foram apresentadas ainda as trajetórias de seus autores e o seu contexto. O outro se norteou pela textualidade e procurou-se observar quais saberes apareciam reiteradamente. Verificou-se que os saberes sobre a cosmética circulavam entre Portugal e a América portuguesa desde 1704 por meio dos livros e na língua vernácula, ao mesmo tempo que ocorria a movimentação de pessoas e de materiais. Entre 1704 e 1754, foram publicadas várias receitas de cosméticos para o rosto, os lábios, os mamilos, o nariz, os cabelos, as mãos, os dentes. Para preparar os cosméticos foi empregada uma miríade de insumos obtidos de fontes animais, minerais e vegetais, a nível global. Os saberes sobre os materiais da Ásia, da América do Sul e da Europa foram codificados nas farmacopeias e circularam por todo o mundo atlântico. Cirurgiões, boticários, jesuítas, os mediadores culturais, colocavam em circulação saberes de origens diversas, inovando técnicas e produtos voltados para o embelezamento, mas também mantendo uma tradição de algumas preparações cosméticas. Uma inflexão quanto ao embelezamento parece ocorrer entre 1785 e 1794, com uma diminuição das formulações. Os livros sobre higiene, escritos frequentemente por médicos, no vernáculo, incorporavam os ideais iluministas de progresso humano e educação popular. Não foi possível encontrar uma obra especializada sobre a cosmética, mas foi possível identificar tais saberes no trânsito atlântico, a partir de 1704 e ao longo do século XVIII, que possibilitaram aprender a embelezar e a limpar o corpo em Portugal e na América portuguesa.