Distribuição espacial de insetos aquáticos (Hemiptera: Notonectidae e Gerridae) e a influência sobre a comunidade zooplanctônica do Lago Monte Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Domingos, Andrés Ricardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59139/tde-13052014-103148/
Resumo: Em ecossistemas lênticos a predação é uma das interações com maior influência sobre a estrutura das comunidades zooplanctônicas. No Lago Monte Alegre, diversos estudos mostraram que a predação por caoborídeos é um dos fatores mais importantes na estruturação da comunidade zooplanctônica. Contudo, a influência predatória de hemípteros Notonectidae e Gerridae sobre a comunidade ainda não havia sido investigada. A hipótese foi que a predação seria mais acentuada na zona litorânea, e seria exercida por notonectídeos e não por gerrídeos. O objetivo do trabalho foi investigar o potencial de predação de Rheumatobates crassifemur (Gerridae) e Martarega uruguayensis (Notonectidae) sobre os cladóceros Bosmina tubicen, Ceriodaphnia richardi e Daphnia gessneri. Assim, avaliou-se no lago a flutuação da densidade populacional e distribuição espacial dos insetos durante 12 meses, e a flutuação da densidade populacional e distribuição espacial dos estádios dos insetos (I a VI) durante sete meses. Dessa forma, foi possível avaliar em que zonas do lago e períodos o impacto seria mais intenso. As densidades foram comparadas em relação às zonas litorânea e limnética, às estações quente-chuvosa e fria-seca. Além disso, avaliou-se em 9 experimentos em laboratório, realizados em câmara incubadora a 27 ºC, utilizando-se béqueres de 1800 ml com 20 presas (6 réplicas), a predação de cladóceros por insetos jovens e adultos. Foram utilizados dois tratamentos, comparando-se, após duas horas, o número de presas intactas nos tratamentos com predador (P+) e sem predador (P-). As densidades de ambos os insetos durante os 12 meses foram maiores na zona litorânea, com distribuição espacial predominantemente agregada. Gerrídeos foram igualmente abundantes nas duas estações com maiores densidades em fevereiro e abril. Notonectídeos foram mais abundantes na estação fria-seca com maiores densidades em agosto e setembro. No litoral, os estádios de gerrídeos mais abundantes foram I, II e VI e para notonectídeos foram os estádios maiores. Nos experimentos, tanto gerrídeos quanto notonectídeos jovens predaram significativamente os microcrustáceos. Contudo, os adultos não os predaram, exceto gerrídeos adultos versus D. gessneri. A maior oferta alimentar no litoral pode ser o principal fator que levou às maiores densidades dos insetos na zona litorânea, pois além das presas potenciais de invertebrados aquáticos, também ocorrem presas de origem terrestre. Em conclusão, os resultados deste trabalho contribuíram com o conhecimento acumulado de que predadores invertebrados podem causar impactos na estrutura da comunidade zooplanctônica, sendo que os maiores impactos dos hemípteros sobre a comunidade zooplanctônica estão concentrados na zona litorânea, especialmente em relação aos estádios menores dos insetos. Os resultados dos experimentos foram obtidos em condições estruturais simplificadas, o que pode ter facilitado a predação. Nesse sentido, esses resultados auxiliam a explicar, ao menos qualitativamente, a preferência e o potencial de impacto dos hemípteros sobre os cladóceros.