Projeto de vida e preparação para carreira de jovens aprendizes: da realidade à intervenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Aguillera, Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-02092013-161555/
Resumo: A preparação dos jovens para o trabalho é preocupação mundial, tendo desencadeado o movimento de Educação para a Carreira em países desenvolvidos. Mas no Brasil não há registros dessa prática, embora relatos de experiência junto a adolescentes em situação de desvantagem socioeconômica aproximem-se de seus propósitos, na escola pública ou outros contextos educativos, destacando-se a Aprendizagem Profissional. Nesses estudos evidencia-se a apatia dos jovens quanto a perspectivas de futuro e planejamento da carreira, possivelmente relacionada a crenças de autoeficácia negativas; mas não se registra avaliação sistemática dessa realidade nem dos resultados das intervenções. Diante dessas lacunas, foram objetivos do presente trabalho: (a) verificar evidências de validade e precisão de instrumentos de medida adaptados para uso nesse contexto, especificamente o Questionário de Educação à Carreira QEC e o Inventário de Autoeficácia no Desenvolvimento da Carreira CD-SEI; e (b) analisar a realidade socioprofissional de uma amostra de adolescentes aprendizes, identificando possíveis efeitos de variáveis demográficas, acadêmicas e da carreira em sua maturidade vocacional e autoeficácia. Para adaptação do QEC, foi realizada a análise dos itens junto a grupo de aprendizes e a dois comitês de especialistas (profissionais vinculados à Aprendizagem Profissional e juízes peritos em Orientação Profissional-OP), seguida de ensaio experimental. Já para adaptação do CD-SEI, foram realizadas a tradução, retradução, análise dos itens, validação de conteúdo por juízes especializados em OP e ensaio experimental. A amostra foi composta por 470 adolescentes, de 14 a 20 anos, de ambos os sexos, a maioria cursando o ensino médio público, vinculados a instituições para qualificação/inserção profissional de jovens de baixa renda. Foram realizadas análises fatoriais, testes de confiabilidade e de correlação, estatísticas descritivas e testes de comparação entre grupos. Os resultados evidenciaram boas qualidades psicométricas dos instrumentos (validade e precisão), apesar da estrutura fatorial do CD-SEI não se confirmar, e nortearam uma proposta alternativa para apuração dos escores. Quanto aos aprendizes, identificou-se que a maioria buscou Aprendizagem Profissional por influência da família ou vontade própria, visando oportunidade de emprego ou qualificação, com expectativas de melhores oportunidades futuras de trabalho, o que os mantém vinculados às instituições formadoras. Dentre os jovens, 25,3% relataram experiências de trabalho anteriores ao ingresso na Aprendizagem Profissional, sendo que 66,4% da amostra contribui no custeio das despesas domésticas dispondo do salário parcial ou integralmente. Os dados demonstram eficácia dos serviços na inserção profissional e os aprendizes apontam alta satisfação com a experiência e as instituições. A maturidade e a autoeficácia de carreira da amostra revelaram-se elevadas e a comparação de grupos evidenciou diferenças significativas, mais notadamente em favor daqueles que tornaram-se aprendizes por livre vontade, planejavam qualificar-se em nível técnico e/ou superior e apresentavam melhor desempenho escolar. Considerou-se os instrumentos adequados para usos futuros, seja no diagnóstico inicial e direcionamento das intervenções ou na avaliação de resultados, diante das mudanças de apuração sugeridas. Além disso, o contexto da Aprendizagem Profissional mostrou-se eficaz enquanto iniciação no trabalho e propício à Educação para a Carreira, realidade que merece atenção de pesquisadores e formuladores de políticas públicas em educação, trabalho e carreira.