A temporalidade e a síndrome de Asperger

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Zukauskas, Patrícia Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-22092014-113322/
Resumo: A temporalidade é considerada, na perspectiva teórica deste estudo, como uma condição essencial do indivíduo no mundo, possibilitando a constituição de sentido do percebido e do vivido e evidenciando, ainda, a circunstância da qual partem todas as possíveis concepções de tempo. Além disso, o homem também é considerado em sua intencionalidade, na qual está dirigido para algo, ou seja, só pode haver mundo percebido e definido para o sujeito que pode percebê-lo, estando voltado para ele. A síndrome de Asperger (SA), um transtorno invasivo de desenvolvimento pertencente ao espectro autístico, caracteriza-se por seus portadores apresentarem um modo de interação extremamente peculiar, no qual é considerada a presença de prejuízos relacionados à simbolização, à comunicação e à socialização. Em uma vertente teórica psicossocial, esses aspectos têm sido compreendidos a partir da possibilidade de haver uma inabilidade inata na criança autista que compromete a atitude conativo-afetiva (relacionada à intencionalidade) fundamental no processo de desenvolvimento. Questões a respeito da rigidez na experiência da duração de períodos de tempo, das dificuldades para aceitação e compreensão da possibilidade de mudanças de fatos previstos e da aparente restrição de perspectiva temporal, independentemente do nível intelectual, têm sido evidenciadas na prática clínica com esta população. Dessa forma, o presente trabalho objetivou caracterizar a noção de tempo e a temporalidade em portadores da síndrome de Asperger. Sua constituição ocorreu em duas fases complementares e fundamentais. Na primeira, a partir de uma amostra de trinta indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) verificaram-se aspectos de noção de duração tempo através de instrumentos quantitativos e qualitativos. Na segunda fase a partir de uma amostra de quinze indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) investigaram-se, através de entrevista qualitativa, temas relacionados à temporalidade. Na descrição dos resultados pôde-se constatar uma temporalidade restrita evidenciada pela presença de prejuízos relacionados à continuidade no contato com o ambiente, à limitada perspectiva no sentido do devir e noção de tempo a partir de elementos espaciais, em detrimento dos aspectos subjetivos, restringindo o compartilhar do tempo comum e a formação de projetos de vida