Contribuição para o aproveitamento de populações regionais em programa de melhoramento genético do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1977
Autor(a) principal: Franca-Dantas, Mario Soter
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11137/tde-20240301-151647/
Resumo: O Feijão (Phaseolus vulgaris L.), desempenha grande importância no regime alimentar do povo brasileiro, pois o consumo anual per-capita desta leguminosa chega até 28 Kg em média, sendo por esta razão plantado em todo território nacional. Em contraposição à esta importância o feijoeiro tem sido relegado a segundo plano pelos agricultores, os quais na maioria das vezes cultivam-no como produto secundário, e consequentemente sem a adoção de uma tecnologia mais aprimorada. Este comportamento deve-se principalmente a falta de cultivares melhoradas, produtivas, adaptadas as diversas regiões e também que satisfaçam as exigências dos mercados consumidores, os quais variam de região para região, quanto a cor, forma e tamanho dos grãos. A falta de semente de cultivares melhoradas e adaptadas que satisfaçam as exigências de mercado, levou a uma situação, na qual praticamente cada agricultor produz sua própria semente de cultivares adaptadas as condições locais e que satisfazem ao seu mercado consumidor. Criou-se assim um grande número de cultivares que são adaptadas aos diferentes ambientes, representando uma imensa variabilidade genética e consequentemente, excelente “Matéria Prima” para os programas de melhoramento regionais. Procurando mostrar a importância do aproveitamento destas populações regionais de feijão, em programas de Melhoramento Genético e também o comportamento diferencial das cultivares em relação a níveis de adubação, escolheu-se 10 cultivares que foram avaliadas quanto a capacidade de produção de grãos. Das 10 cultivares duas (Franguinho e Amarelo), foram escolhidas entre as cultivares regionais plantadas pelos agricultores da localidade de Sagarana, município de Arinos - MG, três (Roxo EEP, Jalo EEP e Mulatinho Paulista EEP), procederam do estoque genética da Estação Experimental de Patos de Minas - MG e as outras cinco (Rico 23, Ricobaio 896, Ricopardo 1014, Carioca 1030 e Costa Rica 1031) procederam do estoque genético da Universidade Federal de Viçosa - MG. O experimento foi montado na localidade de Sagarana delineado em “Parcelas Subdivididas” com quatro repetições e distribuição em bloco ao acaso, sendo considerado como parcela 3 níveis de adubação NPK, Baixo (0:0:0), Médio (20:75:20) e Alto (40:150:40), e como sub-parcela as 10 cultivares. Para fim de avaliação do efeito de cultivar, procedência (Local, Patos de Minas e Viçosa) e Origem (Não Melhorada e Melhorada) desdobrou-se a análise em três etapas: a análise de variância básica onde usou-se as cultivares como sub-parcela; na segunda etapa usou-se como sub-parcela as cultivares agrupadas por procedência; e finalmente usou-se como sub-parcela as cultivares agrupadas por origem. A determinação da adaptabilidade das cultivares foi feita pelo Coeficiente de Regressão (b) calculados sobre log10 das produções médias de grão. Os resultados de “b” próximo a zero, indicam adaptação ampla e quando “b” é alto, adaptação específica. O efeito do aumento do nível de adubação sobre o aumento da produção de grãos por cultivar mostra um ganho linear, e altamente significativo, observando-se comportamentos diferentes entre as cultivares, quanto a eficiência nutricional. Na ausência de adubação adicional as cultivares mostram rendimentos muito baixos, os quais não diferem entre si. Com o aumento da fertilidade pela adubação NPK (20:75:20) baseada nas recomendações dos Laboratórios de Análise de Solo, observou-se um sensível aumento nos rendimentos das cultivares as quais se comportam significativamente diferentes entre si. Sendo que as cultivares locais se destacam sobre as cultivares das outras procedências. No maior nível de adubação NPK utilizado, que corresponde ao dobro das recomendações, observa-se também um aumento de rendimento em relação ao nível Médio, mas já não tão sensível como o observado entre os níveis Baixo e Médio. As cultivares locais também no nível Alto de adubação destacam-se em relação as outras procedências. As procedentes de Viçosa com o nível Alto de adubação aumentam em produção de grãos, mas decaem em relação ao ganho observado no nível Médio de adubação. Já as procedentes de Patos de Minas apresentam aumento de produção e ganho semelhante entre os três níveis de adubação. Destaca-se o comportamento superior da Cultivar Rico 23, mostrando-se ser de alto valor genético quanto a eficiência nutricional. Quanto a adaptação as cultivares tiveram comportamentos semelhantes. Destacando-se as cultivares Costa Rica 1031 e Mulatinho Paulista EEP apresentam maior estabilidade fenotípica, enquanto, Franguinho e Rico 23 apresentam uma maior adaptação específica em relação aos níveis de adubação. Concluiu-se então que em programas regionais de melhoramento deve-se usar as populações locais como fonte de adaptação e as cultivares introduzidas de preferência de regiões ecologicamente semelhantes, como fonte de características genética de importância agronômica. Desta forma deve-se procurar desenvolver seleções, não rigorosas, em populações bem adaptadas sob condições de alta fertilidade.