Estudo dos traços de personalidade de pacientes com fibromialgia através do Inventário de Temperamento e Caráter de  Cloninger

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Santos, Danyella de Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-21062010-174128/
Resumo: INTRODUÇÃO: Fibromialgia tem sido considerada uma síndrome, na qual a etiologia e etiopatogenia ainda permanecem pouco esclarecidas. Transtornos depressivos e ansiosos são altamente prevalentes nesses pacientes, entretanto, em relação aos aspectos da personalidade, os dados de literatura são pouco homogêneos. Poucos estudos têm investigado a relevância de fatores emocionais, incluindo aspectos da personalidade, como preditores para intensidade da dor em fibromialgia. Cloninger desenvolveu uma teoria da personalidade integrando os aspectos biológicos e psicológicos, estruturando o Inventário de Temperamento e Caráter para investigar quatro traços de temperamento (esquiva ao dano, busca de novidades, dependência de gratificação e persistência) e três traços de caráter (auto-direcionamento, cooperatividade e auto-transcendência). Estudos sugerem que o Inventário de Temperamento e Caráter possui valor preditivo, assim alterações nos traços esquiva ao dano e autodirecionamento poderiam predizer vulnerabilidade para alguns transtornos. Este estudo teve como objetivo principal investigar o valor preditivo do fator esquiva ao dano para intensidade da dor em pacientes com fibromialgia após o período de um ano a um ano e seis meses (T2) da primeira avaliação (T1). Os objetivos secundários deste estudo foram: comparar os escores de esquiva ao dano e os demais traços do Inventário de Temperamento e Caráter entre mulheres com fibromialgia e um grupo controle de mulheres sem a doença. Considerando apenas o grupo de pacientes com fibromialgia, o estudo investigou diferenças nos traços do Inventário de Temperamento e Caráter entre as pacientes com depressão maior atual e pacientes sem depressão maior atual. MÉTODOS: O estudo foi desenvolvido entre abril de 2006 e setembro de 2009 em duas etapas: transversal e prospectiva. Na etapa transversal, 78 mulheres foram comparadas no fator esquiva ao dano com 78 mulheres do grupo controle. Os dois grupos foram avaliados em suas características sócio-demográficas e clínicas, sintomatologia depressiva (Inventário de depressão de Beck e HAM-D) e ansiosa (IDATEestado e HAM-A) e diagnóstico de transtornos mentais (M.I.N.I.). O grupo de pacientes também foi avaliado em relação à intensidade da dor e tempo de fibromialgia. Na etapa prospectiva, 42 pacientes foram reavaliadas em suas características clínicas e sócio-demográficas, intensidade da dor, diagnóstico de depressão maior atual e sintomas depressivos e ansiosos. RESULTADOS: Na comparação dos escores do fator esquiva ao dano, as pacientes apresentaram maior média que o grupo controle, e após análise covariância essa diferença foi explicada pela sintomatologia depressiva e ansiosa. Em relação aos outros traços de personalidade, as pacientes apresentaram maiores médias no fator auto-transcendência e menores médias nos fatores busca de novidades, dependência de gratificação, auto-direcionamento e cooperatividade quando comparadas com o grupo controle. Essas diferenças, após análise de covariância, se associaram com sintomas depressivos e ansiosos. Entretanto, as pacientes com fibromialgia mantiveram menores escores no fator busca de novidades mesmo com o ajuste para a sintomatologia depressiva e ansiosa. No grupo de pacientes, o fator esquiva ao dano não se correlacionou com intensidade da dor e tempo de doença. As pacientes com fibromialgia e depressão maior atual apresentaram maiores escores em esquiva ao dano, e menores escores em auto-direcionamento e cooperatividade quando comparadas com as pacientes sem depressão. Na etapa prospectiva, o fator esquiva ao dano não apresentou valor preditivo para intensidade ou variação da dor. Além disso, nenhum dos outros traços de personalidade se correlacionou com a intensidade ou com a variação da dor de T1 para T2. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo indicam que embora pacientes com fibromialgia apresentem maior pontuação no fator esquiva ao dano do Inventário de Temperamento e Caráter quando comparadas com mulheres sem a doença, essa diferença se deve a maior intensidade de sintomas depressivos e ansiosos nas pacientes e não à presença da fibromialgia em si. As diferenças encontradas nos traços de personalidade entre as pacientes com depressão e pacientes sem depressão sugerem que a depressão nessas pacientes possui, em parte, semelhanças com transtorno depressivo maior (depressão primária). Em relação à etapa prospectiva, os resultados indicam que o fator de temperamento esquiva ao dano não apresenta valor preditivo para intensidade da dor ou para variação da dor em mulheres com fibromialgia