A mortalidade urbana na infância: estudo de caso-controle na cidade de Recife

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1990
Autor(a) principal: Cartagena, Hugo Francisco Amigo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6133/tde-20092017-173707/
Resumo: o presente estudo teve como objetivo a identificação de fatores de risco relativo de morte em criancas de um a sessenta meses de idade residentes em áreas de pobreza da cidade de Recife. O delineamento utilizado é do tipo caso-controle. Estudou-se o papel de variáveis relacionadas com o saneamento básico, bem como a renda, a educacão dos pais, a densidade demográfica intra-familiar, a história reprodutiva da mãe, o aleitamento materno e a assistência à saúde. Foram estudados 149 óbitos - \"casos\", e número igual de sobreviventes - \"controles\", pareados segundo a idade e o local de residência. Estimaram-se riscos relativos de morrer em análises univariadas para o total da amostra e para estratos segundo faixas etárias e causas básicas de ocorrência do óbito. Mediante modelos de regressão logística foram conduzidas análises multivariadas para todas as causas e idades e para dois sub-qrupos: o de menores de um ano e o de óbitos por causas gastrointestinais e seus \"controles\". Foi constatado elevado risco relativo de morte nas criancas das famílias com mais de três pré-escolares no domicílio. Em todas as análises univariadas realizadas o risco dessas criancas foi superior a 3.6 (P < 0.01) cheqando a 7.8 (P < 0,01) na análise multivariada conduzida para estimar o risco de morte por causas gastrointestinais. Com relacio ao tratamento intra-domiciliar da água, foi observado risco relativo superior a 3.8 (P < 0.01) na análise univariada; porém, nos modelos ajustados pela condição de amamentação e alfabetismo materno o risco de óbito gastrointestinal tornou-se inexistente. Na maioria das análises, foi também elevado o risco relativo nas crianças das mães com alta fecundidade materna. Igualmente o acesso aos servicos de saúde - medidas através da falta de atenção pré-natal - constitui risco relativo de morte, confirmando-se nas análises multivariadas finais, referentes à morte por causas gastrointestinais (OR = 11.11; P < 0.05). O aleitamento também mostrou ser fator preditivo de morte pós-neonatal por causas gastrointestinais (OR = 3.3;P < 0,05). Com base nestes resultados recomenda-se: (a) realizar investimentos de base ampla destinados a melhorar as condições de saneamento básico da cidade; (b) fornecer uma infra-estrutura de apoio para os cuidados das criancas a nível comunitário e/ou nos lugares de trabalho; (c) promover o espaçamento adequado entre os nascimentos; (d) aumentar a cobertura dos serviços de saúde, fomentando estratégias simplificadas de atenção primária com ativa participacão comunitária; (e) estimular ações permanentes e rotineiras de promoção do aleitamento ademais das campanhas eventuais. Estes resultados fornecem subsídios para a elaboração de políticas sociais destinadas a acelerar o processo de queda da mortalidade nos menores de cinco anos e identifica novos indicadores para entender os mecanismos que levam ao óbito nos estratos sócio-econômicos urbanos dos países em vias de desenvolvimento.