Estudo da mortalidade intra-uterina em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1992
Autor(a) principal: Gonzalez Perez de Morell, Maria Graciela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-09012018-175756/
Resumo: Tanto no campo da Saúde Pública, como no da Demografia, não tem sido dada a devida ênfase ao estudo da mortalidade intra-uterina. Vários são os fatores que têm contribuído para essa aparente falta de interesse por este aspecto da reprodução humana, relacionados com as próprias características do fenômeno, com as disposições legais em matéria de registro e com o alto custo das investigações apropriadas para sua mensuração. Entretanto, minuciosos estudos médicos têm estimado que a mortalidade intra-uterina total - todas as perdas, reconhecidas ou não - pode alcançar o nível biológico de 630 mortes fetais por mil gestações. Estudos populacionais de tipo prospectivo - acompanhamento de gestações - têm conseguido estimar o nível de mortalidade intra-uterina reconhecível - perdas reconhecidas após a primeira amenorréia - em 260 mortes fetais por mil gestações e, os de tipo retrospectivo - história de gestações - indicam que o nível de mortalidade intra-uterina aparente - perdas reconhecidas após a segunda amenorréia - é da ordem de 160 mortes fetais por mil gestações. O objetivo geral deste trabalho consistiu em caracterizar a mortalidade intra-uterina experimentada por um grupo de mulheres grávidas residentes no Município de São Paulo, compreendendo os objetivos específicos de estimar o seu nível e estabelecer as suas relações com alguns fatores biológicos e sócio-demográficos. Mediante a análise das informaç5es derivadas de uma pesquisa de acompanhamento de uma amostra de gestantes residentes em oito sub-distritos e dois distritos periféricos - Brasilândia, Santo Amaro, Jabaquara, Nossa Senhora do Ó, Tucuruvi, Butantã, Santa Cecília, Sé, Itaquera e Jaraguá - do Município de São Paulo, realizada no período compreendido entre novembro de 1987 e fevereiro de 1989, importantes conclusões puderam ser extraídas. No que diz respeito à estimação do nível de mortalidade intra-uterina, com as informac6es da história retrospectiva das gestações, o valor encontrado da taxa de 164 mortes fetais por mil gestações é perfeitamente condizente com a magnitude da taxa de mortalidade fetal aparente, que a literatura destaca ser possível estimar em estudos desse tipo. As informações prospectivas, computadas de forma direta, revelam um nível de mortalidade fetal de 58 mortes fetais por mil gestações, cujo baixo valor pode ser atribuído à natureza direta da medida - que não corrige o viés de seleção - devendo-se levar também em consideração a captação domiciliar das gestantes, sem qualquer limitação da duração da gravidez. Não obstante, quando as informações prospectivas são computadas em forma de Tábuas de mortalidade intra-uterina, consegue-se corrigir o viés de seleção, obtendo-se uma taxa de mortalidade fetal reconhecível de 236 por mil gestações, cifra absolutamente compatível com as estimativas efetuadas pelos estudos mais precisos de mortalidade fetal. Quanto ao estabelecimento de relações da mortalidade intrauterina com os fatores sócio-demográficos: cor, nível de instrução e estado conjugal, as informações analisadas parecem revelar indícios da existência de: - Um diferencial de mortalidade intra-uterina por cor; o maior nível corresponde às mulheres pretas, o intermediário às pardas e o menor às brancas. - Uma correlação negativa entre a mortalidade fetal e o nível de instrução; à medida que este aumenta, diminui o risco de experimentar perdas fetais. - Um diferencial de, mortalidade fetal por estado conjugal; as solteiras têm maior risco que as casadas e as unidas consensualmente, mais que as casadas com vínculo institucional. No que diz respeito ao estabelecimento de relações da mortalidade intra-uterina com os fatores biológicos: idade da mãe, ordem da gestação e história genética anterior, a análise permitiu constatar que: - Existe uma correlação positiva entre a mortalidade fetal e a idade da mãe, à medida que esta avança, aquela se eleva. - Existe também uma correlação positiva entre a mortalidade fetal e a ordem da gestação, quanto maior a ordem, maior o número de perdas. O fator que maior peso tem na determinação do risco de mortalidade fetal, é a história genésica anterior.