A leitura e a escrita no silêncio das mulheres : uma intersecção entre psicanálise e cultura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Corrêa, Maria Celeste Arantes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10092009-144105/
Resumo: Este trabalho investiga como um processo de silenciamento imposto historicamente às mulheres foi capaz de inseri-las parcialmente no mundo da cultura e ao mesmo tempo segregá-las em modos específicos de apropriação, por um triplo processo de apolitização, dessexuação e tutela intelectual, que ao mesmo tempo restringiu-a a campos marginais do consumo e da produção cultural. Analisa também como a via emancipadora da psicanálise, liberando a sexualidade mas privilegiando a lógica fálica obscureceu o papel da mãe, filiandose ao dispositivo foucaultiano da aliança e suas estratégias de poder, especialmente a histerização do corpo da mulher. A inserção feminina no processo de aculturação ressentiu-se de uma aprendizagem e de um ensino excessivamente investidos na escrita e na ausência de oralidade. Ao mesmo tempo surgia uma pretensão à escrita literária não submetida aos processos formais de pertencimento a escolas e a uma sólida tradição na escrita. Esse modo específico de apropriação delimitou para as mulheres gêneros, temas e estilos específicos, tal como aconteceu historicamente em suas práticas de leitura. Desse modo, pela lógica da distinção e pelas suas condições de possibilidade específicas de produção, coube às mulheres produzir diários, correspondência privada, literatura de viagem e romances em profusão de teor sentimental e social, lidos especialmente por mulheres. A escrita feminina inscreveu-se primeiro pelos rodapés dos jornais, com seus fait-divers e os romances-folhetim. A produção literária encontra na teoria psicanalítica sua forma de sublimação por excelência. Cotejando a história da leitura e da produção literária das mulheres e as interpretações freudianas e lacanianas dos processos psíquicos associados à sublimação, este trabalho aponta para duas vertentes: de um lado, em uma abordagem ontogenética, propõe que se pense a sexualidade, a educação e a sociabilidade das meninas futuras mães sob uma ótica da maternação não exclusiva, centrada nas relações de objeto. De outro, de um ponto de vista sociogenético, conclui que as lentas transformações nas estruturas psíquicas do superego feminino conducentes à sublimação estão diretamente associadas às transformações culturais implicadas na ordem do sexo/gênero.