Impactos do auxílio-alimentação nos índices antropométricos e no consumo de grupos de alimentos e de nutrientes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santiago, Letícia Alves Tadeu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-16082019-100134/
Resumo: O cerne dos programas de auxílio-alimentação no Brasil foi a necessidade de combater a desnutrição que acometia uma considerável parte da população brasileira. A desnutrição foi superada no país, que atualmente enfrenta um outro problema relacionado à alimentação, que é o crescente número de pessoas com sobrepeso e obesidade. As transformações nos padrões nutricionais e alimentares, influenciadas pelas mudanças sociais, econômicas e demográficas que ocorreram ao longo das últimas décadas, contribuíram com o aumento do número de casos de pessoas com excesso de peso e de doenças associadas. Trata-se de problemas de saúde pública que geram perdas econômicas e de bem-estar. Diante desse cenário e da escassa literatura que avaliou os efeitos dos programas de auxílio-alimentação ao longo dos anos, esta pesquisa buscou analisar os impactos desses programas nos índices antropométricos, especificamente no excesso de peso e na obesidade, e também no consumo de grupos de alimentos e componentes alimentares dos trabalhadores beneficiados. Para tanto, utilizou-se os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009 e o método Propensity Score Matching. Os resultados apontaram que receber auxílio-alimentação aumenta as chances de obesidade entre as mulheres e de sobrepeso entre os homens. A análise por estratos de renda evidenciou que as chances de excesso de peso e obesidade são maiores entre os homens mais pobres, do primeiro estrato, e de obesidade para as mulheres do segundo estrato. Em relação aos impactos nos grupos de alimentos, foi observado um aumento no consumo de alimentos pertencentes ao grupo de Frutas; Farinhas e massas, Bebidas e Preparações Mistas e uma redução no consumo de Grãos e Legumes, entre as mulheres beneficiárias. Já para os homens que recebem o benefício, foi observado aumento no consumo de alimentos dos grupos das Farinhas e massas, Óleos e gorduras, Bebidas, Pizzas e salgados e de Oleaginosas, em comparação aos não beneficiários. Os resultados referentes à ingestão de nutrientes revelaram que as beneficiárias consumiram mais: Energia, Proteína; Carboidrato, Colesterol; Cálcio; Magnésio, Fósforo; Ferro; Selênio; Retinol; Vitaminas: A, B1, B2, B3, Equivalente a B3, B6; B12 e Folato; Açúcar total e de adição. Já os homens beneficiários ingeriram maiores quantidades de: Energia; Carboidrato; Magnésio, Selênio, Vitaminas: B1, B3, B6, E e Folato; Ácidos graxos: poliinsaturados, poliinsaturado 18:2 e trans total; e Açúcar total e de adição. Conclui-se, portanto, que os programas de alimentação dos trabalhadores estão contribuindo, muitas vezes, com a piora da saúde dos assistidos, em especial os mais pobres. Em partes, os programas de auxílio-alimentação reduzem a qualidade alimentar dos beneficiários e beneficiárias, pois eles consomem maior quantidade de alimentos e de componentes alimentares nocivos ao equilíbrio nutricional, ao mesmo tempo que também ingerem mais nutrientes benéficos ao correto funcionamento do organismo.