Estudo prospectivo das alterações neuropsicológicas e prognósticas em pacientes idosos com hematoma subdural crônico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ribeiro, Elyse Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-06072020-174059/
Resumo: INTRODUÇÃO: O hematoma subdural crônico (HSDC) é uma das condições mais comuns encontradas na prática neurocirúrgica e frequentemente acomete pacientes idosos. São escassos os estudos que investigam os aspectos cognitivos pós-operatórios recentes e/ou tardios de idosos acometidos por HSDC. O objetivo primário deste estudo foi avaliar o desempenho cognitivo no pós-operatório recente e tardio de idosos acometidos por hematomas subdurais crônicos. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte prospectiva que incluiu pacientes idosos (60 anos ou mais) que realizaram tratamento cirúrgico de HSDC e grupo controle composto por indivíduos saudáveis. Os pacientes foram avaliados 1 mês após o procedimento cirúrgico (fase 1) e reavaliados após 7 meses (fase 2). Os testes neuropsicológicos foram agrupados em cinco domínios (atenção, funcionamento executivo, memória de longo prazo, linguagem e visuopercepção), com pontuação padronizada (z-score). Também utilizou-se escalas de funcionalidade e humor. Foram conduzidas analises estatísticas descritivas, correlações de Spearman ou Pearson, comparações entre grupos com Mann-Whitney ou T-Student e análises de regressão multivariada. RESULTADOS: Foram incluídos 81 idosos, distribuídos em dois grupos. Trinta e nove indivíduos realizaram tratamento cirúrgico de HSDC, sendo 56,4% do sexo masculino, com idade média de 74,8 ± 7,9 anos (range 60-90 anos) e escolaridade média de 7,1 ± 3,6 anos (range 4-16 anos). O grupo controle foi composto por 42 indivíduos, sendo 56,4% do sexo masculino, com idade média de 71,9 anos ± 5,3 anos (range 61-83 anos) e escolaridade média de 8,4 anos ± 3,3 anos (range 4-16). Na comparação entre grupo controle e doentes na fase 1, houve diferença significativa nos domínios atenção (p < 0,001), linguagem (p=0,002) e visuopercepção (p=0,029). Na fase 2, a comparação entre grupo controle e doentes evidenciou diferenças significativas para os domínios atenção (p < 0,001) e funcionamento executivo (p=0,033). Também para a fase 2, foi evidenciada correlação entre a reserva cognitiva e todos os domínios cognitivos: atenção (r²=0.651, p < 0.001), funcionamento executivo (r²=0.680, p < 0.001), memória de longo prazo (r²=0.505, p=0.001), linguagem (r²=0.522, p < 0.001) e visuopercepção (r²=0.595, p < 0.001). Observou-se ainda correlação negativa entre a idade e atenção (p=0,019, r=-0,372) e funcionamento executivo (p=0,005, r=-0,434). Verificou-se correlação positiva entre a escolaridade e atenção (p =< 0,001; r=0,650) e funcionamento executivo (p =< 0,001; r=0.579), bem como com a memória de longo prazo (p=0.017; r=0,379) e visuopercepção (p=0,003; r=0,458). Na análise multivariada, a reserva cognitiva manteve associação consistente com todos os domínios cognitivos. Não houve associação entre os sintomas de humor e os domínios cognitivos. Com o passar do tempo houve melhora apenas no domínio linguagem (p =< 0,001). Houve melhora na capacidade funcional (p =< 0,001) e tendência à significância na redução da frequência dos sintomas ansiosos (p=0,054). CONCLUSÃO: Os idosos que realizaram procedimento cirúrgico para HSDC apresentaram comprometimento na avaliação neuropsicológica, com perfil cognitivo recente caracterizado por prejuízo na atenção, linguagem e visuopercepção, enquanto no desfecho tardio houve prejuízo em atenção e funcionamento executivo. Houve associação consistente entre a reserva cognitiva e melhor desempenho neuropsicológico na avaliação tardia. Sintomas ansiosos e funcionalidade tendem a apresentar melhora com o passar do tempo