De criança a aluno: as representações da escolarização da infância em Mato Grosso (1910-1927)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Silva, Elizabeth Figueiredo de Sá Poubel e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-05062007-103919/
Resumo: Esta tese objetiva compreender a implantação dos primeiros grupos escolares em Mato Grosso. O olhar se desloca das reformas educacionais e da história institucional e recai sobre a história da infância. Pretende perceber como este modelo escolar foi organizado para formar o futuro cidadão \"desejável\" para atuar na sociedade, inquirindo a cultura escolar que nela surgiu e as representações concorrentes de infância, presentes na sociedade mato-grossense. O período delimitado, de 1910 a 1927, refere-se ao tempo que vigorou o Regulamento da Instrução Pública Primária de 1910, responsável pela introdução deste modelo institucional no Estado. Entre muitas formas de se examinar a cultura escolar, privilegiei as fontes documentais encontradas no Arquivo Público de Mato Grosso, Arquivo da Casa Barão de Melgaço, Arquivo da Escola Estadual Presidente Médici, Arquivo da Secretaria Estadual de Educação, os quais oferecem enorme quantidade de informações a respeito do funcionamento dos grupos escolares e das representações dos governantes e dos profissionais da educação naquele momento. Refiro-me a regulamentos, legislações, mensagens de presidentes de estado, relatórios da direção dos grupos escolares e da instrução pública, atas da Congregação, ofícios internos dos grupos, jornais em circulação na época, entre outros. A tese está dividida em duas partes. Na primeira, discorro sobre a infância brasileira, principalmente a matogrossense, e as várias representações sociais em luta na época. Rivalizavam-se à representação de infância associada à escolarização dos grupos escolares (idade correspondente à série, afastamento da criança da família e da produção por cinco anos consecutivos, dentre outros) disseminada pelos governantes, outras concepções do lugar social da criança manifesta por pais e representantes da Igreja. Na segunda parte, analiso aspectos da cultura escolar, tais como o tempo, espaço, saberes e métodos. Busco, também, indícios para a construção da identidade da criança-aluno dos grupos escolares, perscrutando suas características; o acesso à escola; permanência e problemas com o fracasso escolar. O estudo da implantação dos grupos escolares, viabilizada pelo conjunto documental, permitiu me perceber a existência de representações concorrentes de infância e de sua escolarização, materializadas na organização de escolas públicas e privadas voltadas para o atendimento da criança em idade escolar. Possibilitou-me, também, constatar que o currículo dos grupos escolares foi organizado com a finalidade de constituir uma infância produtiva e ordeira, concebida como necessária a progresso social.