Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Carvalho, Regiane Sbroion de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-11052016-101413/
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Resumo: |
A presente tese tem como objetivo compreender as significações sobre política construídas por crianças moradoras de um assentamento rural vinculado a movimentos sociais de luta pela terra - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Historicamente, áreas que têm a criança como objeto de estudo têm negligenciado a discussão de sua relação com a política e, ao mesmo tempo, áreas que se voltam para a investigação da política o têm feito enfocando relações adultas, ocultando a infância desse processo. Compreendemos que vivemos um momento histórico em que há a emergência, em discursos científicos e práticas, de perspectivas contra-hegemônicas que colocam a criança como um possível sujeito de ações políticas. Baseadas nas perspectivas teórico-metodológicas dos marxistas Antonio Gramsci e Lev Vigostski, apresentamos a tese de que crianças que vivenciam espaços e relações permeados pela vinculação com movimentos sociais, em virtude da constante busca de efetivação de direitos desses grupos, possuem repertórios sobre a política, assim como uma relação ativa com esse campo, com a crítica de sua realidade e com a modificação de relações e contextos. Para isso, realizamos uma pesquisa empírica com 32 crianças de seis a 12 anos, sendo 17 do MLST e 15 do MST. Para a construção do corpus empírico utilizamos como instrumentos: grupos de discussão e conversas individuais. Todos os instrumentos foram gravados e transcritos na íntegra. A análise foi feita a partir de leituras exaustivas do material empírico, tendo dois eixos: (1) significados de política apresentados pelas crianças; (2) a política na vida cotidiana das crianças, no qual avaliamos, a partir dos relatos sobre suas vidas, como as relações de poder se estabelecem. Os significados são, por muitas vezes, ligados à política institucional, considerada como um campo específico de relações entre governantes e governados, sendo os principais: votar, figuras políticas, ordens a serem seguidas. Encontramos, ainda, significações ligadas à mídia, documentos, cuidado e melhoria dos contextos. No caso das crianças menores, elas mencionam não saber o que é política. Com relação à política cotidiana materializada nas relações vivenciadas pelas crianças, encontramos situações em que o poder é preponderantemente exercido pelo adultos. Em relações por vezes de enfrentamento, encontramos situações em que o poder se centraliza na criança. Finalmente, encontramos também situações centradas no diálogo, em que o poder é negociado e se materializa a partir das condições existentes em cada interação. Frente à complexidade e contradição características das relações humanas, encontramos campos de aproximação à tese apresentada, como a significação da política como melhoria dos contextos vivenciados pelas crianças, a qual traz uma característica de ação dos sujeitos sobre a realidade e, ainda, situações significadas como políticas nas quais o ator que realiza a ação é a própria criança. Entretanto, encontramos uma predominância de situações de poder centradas nos adultos e uma significação da categoria \"infância\" como apolítica quando perguntadas sobre quais são os atores aptos a realizar a política. Os resultados demonstram a potencialidade de significações e práticas que resultam da articulação entre os campos da infância e da política |